MEPA – Origem e finalidade

Autor: André Ilha

Publicado no Boletim CNM 2016-2

No Brasil, como no restante do mundo, a escalada originalmente tinha como objetivo único chegar ao topo da montanha, ou então da parede quando esta não estivesse claramente associada a um cume. Os meios para se atingir este objetivo eram, de uma maneira geral, considerados pouco importantes – o que contava era o resultado.

O uso de artifícios como pitons e grampos para auxílio direto na progressão do escalador era visto com naturalidade, e nas grandes montanhas dos maiores maciços do planeta, o emprego de uma logística pesada, de inspiração militar, envolvendo carregadores, acampamentos intermediários estocados com comida e equipamento para pernoite e milhares de metros de cordas fixas era a norma.

Havia exceções, contudo, especialmente nos países anglo-saxões, como Inglaterra e Estados Unidos. Nestes, assim como em certas partes da Alemanha, desde muito cedo se cultivou o interesse pela escalada livre, ou seja, aquela na qual o escalador progride valendo-se apenas dos meios naturais que a rocha oferece como agarras e fendas, e graus notavelmente elevados foram atingidos muito cedo, desde o início do século XX.

O Brasil, no entanto, seguia uma tendência, digamos, europeia continental, que se refletia até no sistema de classificação de escaladas por nós adotado, que é claramente calcado no sistema alpino tradicional. Assim como na França e na Itália, o termo “escalada artificial” era destinado apenas para longas sequências de pitons ou grampos a serem vencidas com o auxílio de estribos, cordas duplas etc.. O uso de pontos de apoio artificiais isolados não conflitava com o conceito de “escalada livre”, e era encarado com muita naturalidade.

Quando eu comecei a escalar, em 1974, a parte realmente “livre” das escaladas brasileiras era a distância percorrida entre o grampo em que se estivesse pisando até o grampo que seria agarrado acima. “O grampo é a melhor agarra!”, cansei de ouvir, e esforços para evitá-los como tal eram vistos como uma excentricidade pitoresca, quando não ostensivamente desencorajados. Não surpreendentemente, a classificação brasileira terminava no VI grau, como a dos países alpinos europeus, e por aqui apenas um lance no Paredão Lagartão, no Pão de Açúcar, era unanimemente considerado como pertencente a este grau. Os mais conservadores, inspirados por seus semelhantes europeus, bradavam ser impossível ir além, repetindo um embate que levou o célebre alpinista tirolês Reinhold Messner a dar o título de Septimo Grado (O Sétimo Grau) para o livro em que defendeu a ruptura com a antiga ordem, e a expansão sem limites dos limites acanhados impostos ao desenvolvimento técnico na escalada pelos antigos tradicionalistas e sua engessada tabela de classificação.

No início, eu fazia como me ensinavam, claro, mas logo comecei a me sentir incomodado. Aquilo não me parecia certo. Ajudado por uma boa fluência no inglês, passei a ler compulsivamente revistas de escalada estrangeiras, e aí me dei conta de que a minha inquietação não era uma patologia isolada, mas, sim, uma forma de encarar a escalada que estava ganhando força de forma avassaladora em todo o mundo, Cada vez mais se valorizava, sempre que possível, a ascensão de escaladas em rocha apenas pela rocha, reservando os equipamentos de segurança exclusivamente para deter as quedas dos escaladores, em especial as de guia.

Naquele momento, em todos os países, inclusive naqueles com uma visão mais tradicional do esporte, jovens escaladores estavam se lançando em lances livres cada vez mais difíceis, fosse em novas vias, fosse repetindo vias abertas no velho estilo, agora porém sem usar os seus pontos (fixos ou móveis) de segurança como apoio artificial para avançar. Houve, na verdade, uma autêntica corrida para se fazer a “primeira ascensão em livre” (first free ascent) das antigas escaladas com artifícios, que passaram a merecer, muitas vezes, graus assombrosamente mais elevados do que os originais. Na Inglaterra foi-se além: antigas escaladas artificiais, quando feitas inteiramente em livre, ganharam não apenas um novo grau, mas também um novo nome! É como se uma escalada inteiramente nova tivesse surgido no mesmo espaço físico onde antes, incidentalmente, havia outra à moda antiga.

Ciente disso, propus, no início dos anos 80, que fizéssemos o mesmo por aqui: que tentássemos não apenas abrir novas vias no estilo “livre de verdade”, mas que, também, “liberássemos” as antigas vias com artificiais contínuos ou pontos de apoio artificiais isolados, como se fazia no resto do mundo.

Isto precisava ser registrado de alguma forma, não apenas para fazer justiça a estes avanços, mas, também, para servir como inspiração para realizações ainda mais significativas. Calhou que nessa época eu estivesse trabalhando, em parceria com minha ex-esposa, Lúcia Duarte, na primeira publicação brasileira voltada para o registro sistemático de vias de escalada: o “Catálogo de Escaladas do Estado do Rio de Janeiro”, que veio a ser editado em 1984 pela hoje extinta Cia. de Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Flumitur).

Então nos ocorreu que no nosso trabalho poderíamos não apenas apontar quando uma escalada conquistada com diversos pontos de apoio artificiais tivesse sido guiada completamente em livre, como nos modernos guias estrangeiros. Em vez disso, caso uma via tivesse tido apenas alguns de seus pontos de apoio “eliminados”, mas outros ainda resistissem, esperando que escaladores melhor preparados técnica e fisicamente conseguissem evitá-los, isso deveria estar de alguma forma consignado. Assim, ficaria claro para todos o que ainda restava por fazer e lançaria toda aquela imensa energia disponível na nova geração em busca deste objetivo.

Desta forma, em vez de nos valermos da opção binária de escalada livre x escalada não livre (não importando se houvesse um ou dez pontos de apoio a serem eliminados), criamos o conceito de “máxima eliminação de pontos de apoio” (MEPA) para registrar estes progressos, registrando entre parênteses quantos pontos de apoio artificiais ainda não haviam sido evitados numa via qualquer. Quando a via já tivesse sido guiada inteiramente em livre, o número entre parênteses seria zero. Ou seja, teríamos uma ferramenta para acompanhar sistematicamente o progresso da escalada carioca e brasileira, em que os graus, com o tempo, ficariam cada mais altos e os números entre parênteses cada vez mais baixos, até eventualmente chegarem a zero.

Como na Europa, esta mudança conceitual não se deu sem resistência, e a reação foi especialmente feroz a partir de um grupo então encastelado no Centro Excursionista Rio de Janeiro (CERJ), para quem nós éramos todos meros “acrobatas”, escaladores elitistas e exibicionistas que perversamente não aderíamos à visão “certa” (a deles) do esporte. A tensão teve o seu ápice no I Encontro Brasileiro de Montanhismo, ocorrido em setembro de 1983 no auditório do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Teresópolis. Ali, entre aplausos e vaias dos partidários de cada filosofia, eu li um texto defendendo o admirável mundo novo da escalada brasileira e os avanços que já estavam em curso, texto este que depois veio a ser editado com o título de “Manifesto da Escalada Natural”. Em sua versão impressa, ele foi acompanhado por um texto complementar intitulado “Pontos de Apoio”, em que eu explicava didaticamente o que deveria ser entendido como “escalada livre” na visão moderna do esporte. Mas a expressão MEPA só foi cunhada mesmo no ano seguinte, como dito acima.

Embora criado para registrar e, mais do que isso, inspirar um momento específico da escalada brasileira, o conceito de MEPA, a rigor, mantém-se válido até hoje, pois é extremamente comum que vias ainda sejam conquistadas com um ou mais apoios artificiais que só mais tarde serão eliminados, seja pelos próprios conquistadores, seja por outros escaladores.

Lançamento do Guia de Trilhas do Parque Estadual da Serra da Tiririca – PESET

Lançamento do Guia de Trilhas do Parque Estadual da Serra da Tiririca – PESET

No dia 14 de junho de 2016, às 14:30hs no salão principal do ITACOATIARA PAMPO CLUBE, localizado na Avenida Beira mar n° 205, Itacoatiara, Niterói – RJ foi realizada a solenidade de lançamento do Guia de Trilhas do PESET.

Houve um coquetel e também a distribuição gratuita de exemplares para quem foi ao evento.

Parabenizamos o PESET por mais essa conquista para o Parque e para os montanhistas.

Guia de Trilhas do PESET

Guia de Trilhas do PESET

Montanhismo e Seleção Natural

Montanhismo e Seleção Natural

Por Rosângela Gelly – Revisão: Dalton Chiarelli e Lilian Gelly

Publicado no Boletim CNM 2015-2

Pense em quando você nasceu … o quanto precisava aprender do mundo, da vida e das pessoas para poder chegar aqui onde está: vivo e com saúde. Talvez você não se dê conta do quanto precisa saber dessas coisas para conseguir chegar inteiro a cada final de dia.

Todos os seus ancestrais foram muito hábeis em vencer os desafios do mundo a cada dia. Você é o resultado disso. E quando você nasceu começou a ganhar sua própria experiência.

Se tropeçar na calçada, você saberá o que fazer para não cair de ”cara no chão”, pois passou por um processo longo e duro para aprender isso, certo?

E agora vamos trazer isso para o mundo do Montanhismo.

Todo o aprendizado adquirido, desde o nosso nascimento, vai conosco para esse ambiente novo. As defesas que usamos no nosso dia a dia parecem ser suficientes para lidar com tudo o que pode acontecer. Mas não são, já que a Montanha exige técnicas e habilidades específicas.

Cada dia é um dia. Cada tropeço ensina, mas não é definitivo. O aprendizado aumenta o conhecimento, mas não impede tropeços futuros.  Se um acidente foi evitado, parabéns! A garantia é apenas do que passou, não há garantia do futuro.

O homem tem uma diferença, e uma grande vantagem sobre os outros animais: é capaz de passar suas experiências para os outros de sua espécie. Isso o torna capaz de, sem mesmo vivenciar alguma situação, saber que ela existe, pensar em uma solução, simular a sua ocorrência e se preparar para ela. Incrível não?!

Resumindo: como você pode estar preparado para um evento que potencialmente ameace sua vida em uma montanha? Pense ….

O que fazer no momento em que você escorrega rumo a um precipício em uma caminhada? Se a corda se solta do mosquetão? Ou se um  “friend” se solta de uma fenda?  Naquele segundo em que você pensa: “Uhm, ferrou!”. E lá está a Mãe Gravidade, democrática, esperando você de braços abertos.

Mas lembra que dissemos  que é possível desenvolver respostas a eventualidades a partir da experiência de outros?

Se você entra em um banheiro e vê uma placa escrita “Piso Molhado”, o que você faz? Talvez pense que não faz nada. Mas isso não é verdade. Todo uma mecanismo de defesa é acionado para você se “defender” de uma eventual queda.

Da mesma forma, é preciso que esteja nato, em seu mecanismo de defesa, as técnicas e habilidades necessárias para responder a uma situação de risco na montanha embora em nenhum lugar vai ter uma placa dizendo “Pedra Molhada”. Você precisa estar “ligado” o tempo todo.

Esteja treinado e apto a responder adequadamente. Ler apenas não basta. Treinar, treinar, treinar. Tudo isso requer condicionamento. Da confecção de nós, fazer corretamente seus procedimentos, e garantir o de outros, até participar de um resgate. Quanto mais se aprende, mais é possível entender que há muito a aprender.

Estar na Montanha faz parte do processo de seleção natural.

Viciado no Perigo – Uma Autobiografia Sobre a Defesa da Vida Diante da Morte, de Jim Wickwire e Dorothy Bullitt

Viciado no Perigo – Uma Autobiografia Sobre a Defesa da Vida Diante da Morte, de Jim Wickwire e Dorothy Bullitt

Viciado no Perigo – Uma Autobiografia Sobre a Defesa da Vida Diante da Morte, de Jim Wickwire e Dorothy Bullitt.

Por Francisco Caetano

livro_024Mallory, Messner, Hillary, Norgay, Bonatti, Herzog, Lachenal, Rébuffat, Terray, a lista não é pequena mas citar qualquer um desses nomes não passa desapercebido por qualquer montanhista, do novato ao mais experimentado. Mas esse rol de alpinistas ilibados também conta com ilustres desconhecidos ou pouco conhecidos, que nem por isso deixam de ter grandes feitos em seus currículos e grandes aventuras em sua jornada, esse é o caso de Jim Wickwire. Primeiro americano a subir o K2, teve uma vida permeada de aventuras e feitos notáveis como um fantástico bivaque a incríveis ascensões em solo, mas também com algumas tragédias. Para conhecer melhor esse cara, seus feitos e fatos a dica que damos é a autobiografia intitulada “Viciado no Perigo” da Editora Manole, uma leitura emocionante, as vezes tensa, mas verdadeira, do jeito que todos montanhistas gostam.

 

“Sugestão de Leitura” publicada no Boletim CNM 2015-2.

Mountaineering: Freedom of the Hills, de Mountaineers Books

Mountaineering: Freedom of the Hills, de Mountaineers Books

Mountaineering: Freedom of the Hills, de Mountaineers Books.

Por Ro Gelly

livro_021Tem que estar na biblioteca de qualquer escalador. Esse é “The Bible”. Vende na Amazon e entrega aqui. Covers everything from the basics of equipment, knots, rappelling techniques, and leave-no-trace principles to the more advanced skills of setting up complex anchors, evaluating avalanche terrain, and developing your leadership skills. Completely revised and updated to include the latest in gear and techniques. Written by a team of more than 40 expert climbers and climbing instructors.

Tradução Livre: Cobre de tudo, desde os equipamentos básicos, nós, técnicas de rapel e princípios de ética na montanha até as técnicas mais avançadas de criação de ancoragens complexas, avaliação de avalanche e desenvolvimento de habilidades de liderança. Completamente revisado e atualizado para incluir o que há de mais recente em equipamentos e técnicas. Escrito por uma equipe de mais de 40 escaladores especialistas e instrutores de escalada.

 

“Sugestão de Leitura” publicada no Boletim CNM 2015-1.

A trilha Transcarioca um sonho prestes a se concretizar

A trilha Transcarioca um sonho prestes a se concretizar

Horacio E.  Ragucci
Guia e presidente do Centro Excursionista Brasileiro

Publicado no Boletim CNM 2014-3

transcarioca

As trilhas de longo percurso vêm sendo implantadas há muito tempo, tal vez o exemplo mais notável seja a Apalachian Trail nos Estados Unidos, com aproximadamente 3500 km de percurso que começou a ser traçada em 1925.

Na Europa existem entre outras onze super-trilhas de longo percurso E1 a E11 perfeitamente sinalizadas e mapeadas, que percorrem o continente em todas as direções atravessando todos os países da Europa Ocidental. Os exemplos se multiplicam pelo mundo afora, da Nova Zelândia ao Paquistão ou a Costa Rica.

No ano 2000 Pedro Cunha e Menezes publicou o livro “Transcarioca, todos os passos de um sonho”, no qual relatava o percurso realizado com amigos, por trilhas que iam da Restinga de Marambaia ao Pão de Açúcar. Este seria o embrião da primeira trilha de longo percurso em nosso país. É necessário mencionar que existem hoje no Brasil diversos “Caminhos” (Caminho da Luz, Caminho da Fé, Caminho do Sol, Passos de Anchieta etc.); que percorrem longas distancias mas não são propriamente trilhas, pois boa parte deles se desenvolve ao longo de estradas e caminhos rurais. Outras trilhas de longo percurso, como os Caminhos da Serra do Mar, já estão quase prontas e seguem o ideário da Transcarioca.

Há aproximadamente dois anos o percurso idealizado por Pedro Menezes começou a tomar forma junto com outras iniciativas, tais como a criação do Mosaico Carioca, que reúne em seu seio representantes de todas as unidades de conservação da cidade do Rio de Janeiro. Assim começaram a aparecer as pegadas da Transcarioca em algumas das mais belas trilhas da Cidade.

Hoje o trajeto está quase totalmente definido, e boa parte dele já se encontra sinalizado; indo de Guaratiba ao Morro da Urca, num percurso de aproximadamente 170 km. Desta forma o trekker poderá percorrer em 7 ou 8 dias os encantos de algumas das melhores trilhas cariocas. A trilha possui numerosos pontos de entrada e saída o que possibilita também percorrê-la aos poucos, descortinando vagarosamente algumas das mais belas paisagens que a Cidade Maravilhosa pode oferecer.

Para as próximas olimpíadas o Rio de Janeiro disporá de um novo atrativo eco-turístico de grande valor, atraindo à cidade os amantes do trekking e dos esportes de aventura, e os cidadãos fluminenses, que sem dúvida saberão desfrutar de um conjunto de trilhas bem sinalizadas, que se estenderá ao longo de toda a cidade.

No dia 14 de setembro será realizado na Transcarioca um grande mutirão com a participação de mais de 300 voluntários, que efetuarão tarefas de sinalização e manutenção em aproximadamente 30 setores em que foi dividida a trilha. Seguramente será um evento memorável para o montanhismo do Rio de Janeiro, tratando-se tal vez do maior mutirão que tenha acontecido em nossa cidade. Participarão clubes de montanhismo, ong’s, Parques Federais, Estaduais e Municipais, Bombeiros. Policia Ambiental, Guarda Municipal etc.

Será a concretização de um sonho longamente acalentado pelos amantes das trilhas e da natureza do Rio de Janeiro.

 

 

Excesso de hidratação pode causar complicações ao organismo

Por Paulo Gomes | 21/02/2012 – Atualizada às 07:58

Publicado no Boletim CNM 2013-1

Recomenda-se com veemência que os corredores mantenham um alto nível de hidratação de seu corpo para superarem suas provas com relativa tranquilidade. No entanto, casos recentes de morte por excesso de ingestão de água chamaram atenção para o tema.

Em 2007, a norte-americana Jennifer Strange faleceu após participar de um concurso que consistia em beber o máximo de água sem urinar. No ano seguinte, a britânica Jacqueline Henson ingeriu grandes quantidades do líquido como parte de sua dieta de emagrecimento e também pereceu.

São casos extremos, mas de pessoas que teoricamente não tinham uma perda considerável de líquidos. No entanto, a morte de Cynthia Lucero na Maratona de Boston em 2002 serve de alerta para todos os corredores.

O médico do esporte e colunista do Webrun, Dr. José Marques Neto, explica o que acontece em nosso organismo quando o excesso se torna perigoso. “Com a ingestão exagerada de água, o líquido extracelular fica muito diluído e o líquido interno mais concentrado”, conta.

“Com isso, a água migra de fora para dentro da célula, que incha e leva a um edema cerebral. O cérebro incha e pressiona os centros do bulbo, que controlam o funcionamento cardiorrespiratório e vascular do nosso corpo”, esclarece o médico.

Segundo o Dr. Neto, não há um parâmetro bem definido para evitar complicações dessa natureza. “Não tem essa de ‘ah, se eu tomar três copos estou bem hidratado, se tomar quatro eu morro’, é algo subjetivo e razão de controvérsia na literatura médica”.

Urina é indicativo- Dr. Neto afirma que o consenso entre os fisiologistas é de que a sede já caracteriza um quadro de desidratação, por isso é encorajada a ingestão de água nas corridas mesmo que não haja sede. “A cor da urina é o melhor parâmetro para o leigo, porque serve como indicativo”, pondera.

Neste caso, vale o bom senso. A urina escura, assim como a sede, já é um claro sinal de desidratação e, portanto, não deve ocorrer. “Sinais de hiperidratação são uma urina extremamente clara, transparente. Se ela estiver apenas razoavelmente clara, você está bem hidratado”, define.

“Existe uma variabilidade individual, são vários parâmetros que mudam de pessoa para pessoa. O importante é se manter hidratado ao longo do dia, andar sempre com uma garrafinha”, recomenda o médico.

Isotônicos- Há também a crença de que tomar muito isotônico pode criar pedra nos rins. “Isso também é referência individual. Teoricamente causa cálculo renal pelo excesso de sódio, mas é mais na esfera da teoria do que na prática. O importante é usar apenas como propósito de reposição, quando houver desgaste”, diz Dr. Neto.

Em termos gerais, tanto para água quanto para isotônicos o médico afirma que “o problema está no abuso, não no uso. É muito mais importante estar hidratado antes da prova, ao longo da semana, do que chegar no dia e querer recuperar tudo durante a corrida”, conclui.

Fonte: http://www.webrun.com.br/home/n/excesso-de-hidratacao-pode-causar-complicacoes-ao-organismo/13253

Auto Resgate

Auto Resgate

Por Ian Will

Boletim CNM MAR/2013

A prática de escalada diversas vezes nos coloca em situações onde só podemos contar com nosso parceiro de escalada. O fato da dinâmica do esporte pedir que se formem cordadas de duas ou três pessoas nos “obriga” a ter conhecimento de auto resgate, pois em várias situações, não poderemos contar com equipe de resgate especializada.

Uma das dificuldades durante um resgate em altura é conseguir fazer os procedimentos de ancoragem e descida com uma vítima sem condição de boa locomoção. São diversas situações possíveis de acidente durante uma escalada e devemos estar atentos as técnicas específicas para cada uma delas.

A seguir, descrevo o passo a passo de um procedimento de resgate em altura em um acidente com a seguinte cena: O guia cai no 1º esticão de uma via grampeada e quebra o pé. O segurança está na base sem ancoragem e acorda é insufi ciente para descê-lo até ao seu lado.

1º passo: Fixar o freio (nó de mula ou semelhante);
2º passo: Fazer ascensão em contrapeso até a 1ª proteção e se fixar;
3º passo: Descer a vítima até a proteção mais próxima dela;
4º passo: Fixar a corda da vítima com nó conjunto mariner/prussik (+ backup) diretamente na proteção;
5º passo: Subir até o grampo mais próximo da vítima e se fixar;
6º passo: Estabilizar a vítima da melhor forma possível,usando os conceitos de estabilização de cervical (fazer umpeitoral);
7º passo: Fixar a corda da vítima com nó mariner e usar sistema de backup;
8º passo: Descer (prussik) até o ponto onde a corda está fixa e desarmar o conjunto mariner/prussik com atenção;
9º passo: Retornar ao grampo onde a vítima está fixada;
10º passo: Recolher a corda e montar rapel;
11º passo: Montar o seu sistema de freio e fixar a vítima neste sistema;
12º passo: Desarmar a fi xação da vítima (mariner) com atenção;
13º passo: Se for necessário parada para montagem de novo rapel, fazer a ancoragem do conjunto socorrista/vítima juntos em um nó mariner e repetir procedimento de descida.

O esquema a seguir tem como objetivo a padronização ou facilitação das decisões a serem tomadas na hora do acidente com o guia de escalada. Vale salientar que para executar tais procedimentos, o resgatador deve dominar com segurança os nós e técnicas especificas de resgate como nó de mula, mariner, montagem de sistemas de polias etc…