III Seminário de Mínimo Impacto

III Seminário de Mínimo Impacto

O Clube Niteroiense de Montanhismo em parceria com o Parque Estadual da Serra da Tiririca têm a honra de convidá-los para o III Seminário de Mínimo Impacto, que ocorrerá no dia 22 de outubro de 2016, na E. M. Professor Dario de Souza Castello, Itaipu.

Considerando aspectos da diversidade biológica, este evento tem como proposta promover o debate a cerca do uso público por montanhistas e escaladores na Unidade e, como objetivos, trazer à luz conhecimentos científicos a cerca dos impactos dessas atividades, buscar consolidar o conceito ético de mínimo impacto, bem como a sua prática.

As inscrições já estão abertas aos sócios, clique aqui.

Aos não associados confirmem presença no evento Facebook.

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Aposentando meu mosquetão

Aposentando meu mosquetão

Boletim CNM MAR-2015

Inspecionar seu Equipamento de Proteção Individual – EPI deve ser um hábito corriqueiro em sua vida. A inspeção de alguns tipos de equipamento de escalada é fácil: costura abrindo, rasgo na fita, etc. Com o mosquetão observamos se a porta funciona direito, sem barulho; se não há desgaste do metal feito pela corda, fratura visível, mesmo da largura de cabelo, corrosão etc. Com o aparecimento de qualquer um destes sinais, devemos aposentar o equipamento.

Sempre escutei vários escaladores aconselharem aposentar mosquetões depois de quedas, de qualquer altura. Muitos dizem que é mito e continuam com o mosquetão, caso a altura seja somente de até um metro (mais ou menos altura da cintura), no caso de somente uma queda. Acima desta altura a opinião é unânime: é necessário aposentar mosquetão, por questão de prevenção.

Resolvi pesquisar na internet para saber a opinião sobre quedas de até um metro, achei vários fóruns e algumas matérias . As pesquisas técnicas/experimentais são, em sua maioria, com alturas para escalada industrial. Desprezei qualquer informação sem metodologia científica. Foi difícil separar as informações confiáveis, das pouco confiáveis.

Escolhi a página

http://www.outdoorsafetyinstitute.com/index.php/news/single/should_you_retire_a_dropped_carabiner/

como principal fonte deste artigo, traduzi e encolhi o texto, pois tem muitas informações técnicas que poucos se interessariam. Para esses, o endereço está acima.

O mosquetão de escalada ao cair em superfície dura (concreto/rocha) pode apresentar microfraturas (invisíveis a olho nu) que podem enfraquecer a estrutura e podem torná-los inseguros. Fique alerta! Na dúvida, aposente-o. Sem discussão se cair pela segunda vez, mesmo de baixa altura, segurança acima de tudo. Microfraturas são reais e podemos encontrar várias pesquisas sobre o assunto, como a Simulating Micro-Fracture in Metal-Matrix Composites (http://iucat.iu.edu/iupui/6439632).

A única maneira de realmente saber se o mosquetão após uma queda pode continuar sendo usado é através de um teste de tensão numa máquina, ou seja fazê-lo quebrar, doa-lo para a ciência.

A grande questão da microfratura é que não vemos a olho nu numa inspeção caseira. Esta fratura pode causar um estresse concentrado e propagar sob grandes cargas, reduzindo cada vez mais a força do material. O metal ou qualquer outro material é imperfeito por natureza e tem defeitos em sua estrutura básica, incluindo pequenas falhas em suas ligações moleculares, semelhantes à micro fissuras. Caso a queda comprometa uma dessas fissuras, uma micro fratura pode ocorrer. A pergunta prática agora não é mais se micro fraturas surgem numa queda, e sim se o impacto realmente faz diferença na estrutura geral do mesmo, se faz diferença no suportar a carga prevista de fábrica e aguentar a próxima queda numa escalada.

Tradicionalmente um mosquetão era fabricado com forjamento frio, onde o metal é amalgado plasticamente, sua forma é deformada numa temperatura abaixo da cristalização, mas se rompiam mais facilamente. Atualmente, muitos mosquetões são fabricados com o processo de forjamento quente, permitindo assim formatos diferentes do equipamento, preservando a ductilidade, ou seja, podem se deformar sem se romperem.

O autor do artigo em que me baseei, Jim Margolis, junto com escaladores amigos, em 2007, quando estudante de engenharia mecânica, testou 30 mosquetões novos do mesmo modelo, com quedas de 6,3, 12 e 32 m , filmou cada queda e testou a carga máxima de cada um. Forjados a frio ou a quente. Uma queda para cada mosquetão. Não percebeu nenhuma diferença comparando com outros 10 (de controle) nunca usados, ou seja, que não sofreram queda. Este teste, no padrão da UIAA, foi feito tracionando o mosquetão até sua ruptura.

Ele afirma que o número de mosquetões testados não foi grande, nem quedas em diferentes rochas, nem diferentes formatos de mosquetão, por isto não pode ser considerado um teste exemplar. Para ver os vídeos e as tabelas, entre na página que está no início deste artigo.

Ele também testou, sem padrão científico, um mosquetão colocado no chão e recebendo objetos bem pesados caindo nele até o momento de ficar deformado. Ao ser tensionado, quebrou com 11 KN, bem abaixo das padrões de escalada. Nunca escale com mosquetões deformados!

Steve Nagode, engenheiro da REI testou 30 mosquetões em quedas de 10 metros e os comparou com outros 30 novos mosquetões (controle) do mesmo lote de fabricação. Não encontrou nenhuma diferença entre os grupos.

Margolis (mestre em engenharia mecânica) diz que apesar de não estar licenciado para atestar tecnicamente sobre o assunto, aconselha o escalador a não desprezar qualquer queda do mosquetão, nem ser displicente com qualquer equipamento. Mas que não precisamos ficar neuróticos com uma queda da cintura para baixo. Não houve estudo com mosquetão com quedas repetidas.

Um alerta que ele faz no final do artigo e eu assino abaixo: Escalar é perigoso, e não há razão para aumentar os riscos usando equipamento inapropriado (como é caso de queda de mosquetão).

Troque o mosquetão em nome da segurança de sua vida e a do outro. Custa pouco comprar um mosquetão novo, se compararmos com a possibilidade de um acidente.

Meu conselho: apesar de encontrar opiniões técnicas afirmando que podemos continuar usando o mosquetão depois da queda baixa (até de um metro), eu digo troque-o (principalmente se for emprestado! Seja ético!) em nome da segurança de sua vida e a do outro.

Mantenha-se seguro, o tempo todo!

Fontes:

http://www.outdoorsafetyinstitute.com/index.php/news/single/should_you_retire_a_dropped_carabiner/
http://www.onrope1.com/Myth1.htm
Do you need to retire dropped carabiners?
http://blackdiamondequipment.com/en/faqs.html##CLIMB
http://www.rei.com/learn/expert-advice/caring-for-your-carabiners.html

Curso de Emergência Pré Hospitalar para Montanhistas

Curso de Emergência Pré Hospitalar para Montanhistas

Amigo montanhista, você está preparado para quando algo der errado?

Como nos aventuramos em locais distantes do ambiente urbano, é importante sermos mais autônomos possível, pois precisamos saber o que fazer nas emergências em montanha.

O CNM em parceria com o instrutor Ian Will promoverá um curso onde aprenderemos técnicas de resgate, elaboração de plano de emergência, como imobilizar uma vítima e transportá-la com segurança, como conter uma hemorragia entre outros… Como o instrutor é montanhista, passará conceitos e técnicas usando nossos próprios recursos e ensinará também com equipamentos especializados como a maca envelope.

Nesta edição, para tentar viabilizar a agenda dos alunos, daremos duas opções de datas para as aulas teóricas, 01 e 02 de outubro e faremos a prática simulada no dia 09 de outubro.

São apenas 15 vagas, não fique fora dessa.

Inscrições – Ian Will 2198431-3060 / ian.will@hotmail.com

 

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A temperatura que está nem sempre é a que sentimos!

A temperatura que está nem sempre é a que sentimos!

A sensação de temperatura que o corpo humano sente é frequentemente afetada por vários fatores. O corpo humano é uma máquina térmica que constantemente libera energia e, qualquer fator que interfira na taxa de perda de calor do corpo, afeta sua sensação de temperatura. Além da temperatura do ar, outros fatores significativos que controlam o conforto térmico do corpo humano são: umidade relativa, vento e radiação solar.

O índice de temperatura-umidade (ITU) é um avaliador do conforto humano para o verão. Baseado em condições de temperatura e umidade, ele é calculado pela equação abaixo:

ITU = (0,8 x T) + (UR ( T – 14,3 ) / 100) + 46,3

Onde, T = Temperatura em ºC, UR = umidade relativa do ar e ITU = Índice de Temperatura e Umidade.

indice de temperatura umidadeA evaporação do suor é uma maneira natural de regular a temperatura do corpo, pois o processo de evaporação é um processo de resfriamento. Quando o ar está muito úmido, contudo, a perda de calor por evaporação é reduzida, pois o ar já está saturado com umidade. Por isso, um dia quente e úmido parecerá mais quente e desconfortável que um dia quente e seco. Na tabela ao lado são mostrados os ITU’s calculados com temperaturas em graus Fahrenheit e Celsius.

À medida que sua temperatura corporal aumenta, a temperatura da pele também aumenta, então começa a transpiração. Em condições normais, o suor evaporaria, resfriando seu corpo. Em ambientes úmidos, o suor não consegue evaporar devido à saturação do ar, que já está denso com vapor d’água. O suor acumula sobre a pele, esquentando-a ainda mais e, consequentemente, seu corpo. Seu corpo tenta compensar tudo isso gerando ainda mais suor, que também não pode ser evaporado. O ciclo continua até a desidratação e o colapso do organismo, que não consegue mais desempenhar os movimentos esportivos. Essa é a forma que o organismo encontra para reduzir sua temperatura.

Para dias assim devemos manter-nos sempre hidratados, bebendo água em períodos regulares e mesmo sem sede. Evitar exercícios extenuantes e se possível, trocar aquela longa via ou caminhada, por uns boulders a beira mar ou perto de rios, ou até mesmo aquele passeio em uma cachoeira. Assim, poderemos sempre nos refrescar quando o calor apertar.

No inverno, o desconforto humano com o frio é aumentado pelo vento, que afeta a sensação de temperatura. O vento não apenas aumenta o resfriamento por evaporação, devido ao aumento da taxa de evaporação, mas também aumenta a taxa de perda de calor sensível (efeito combinado de condução e convecção) devido à constante troca do ar aquecido junto ao corpo por ar frio. Por exemplo, quando a temperatura é -8ºC e a velocidade do vento é 30Km/h, a sensação de temperatura seria aproximadamente de -25ºC. A temperatura equivalente “windchill” ou índice “windchill” ilustra os efeitos do vento.

temperatura equivalenteAnalisando a tabela nota-se que o efeito de resfriamento do vento aumenta quando a sua velocidade aumenta e a temperatura diminui. Portanto, o índice “windchill” é mais importante no inverno. No exemplo acima não se deve imaginar que a temperatura da pele realmente desça a -25ºC. Através da transferência de calor sensível, a temperatura da pele não poderia descer abaixo de -8ºC, que é a temperatura do ar nesse exemplo. O que se pode concluir é que as partes expostas do corpo perdem calor a uma taxa equivalente a condições induzidas por ventos calmos com a temperatura -25ºC. Deve-se lembrar que, além do vento, outros fatores podem influenciar no conforto humano no inverno, como umidade e aquecimento ou resfriamento radiativo.

Um anorak simples, do tipo corta vento, pode ser o suficiente para te deixar confortável, ou pelo menos minimizar o risco de hipotermia. Já passei por uma experiência na Travessia dos Olhos, na Pedra da Gávea, onde o vento forte estava me levando ao limite do frio, mas como levo sempre um anorak na mochila…

Este artigo foi publicado no Boletim CNM Setembro/2014.

 

 

Fontes:
http://www.cnpgl.embrapa.br/
http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=clima/confortoTermicoHumano
http://www.mundotri.com.br/2013/10/como-sobreviver-ao-calor-umido-parte-1/
http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap3/cap3-4.html