Dissertação sobre Impactos da Escalada em Vegetação de Afloramentos Rochosos (mais conhecidos como pedras, rochas, boulders ou, genericamente, como locais aonde nos divertimos!!)

Por Stephanie Maia

Em abril de 2015 defendi minha dissertação de mestrado sobre o tema que me apresentou ao montanhismo e foi a razão pela qual  comecei a escalar: o uso das rochas por escaladores e quais são os impactos das escalada na vegetação dos afloramentos rochosos. Depois de um estudo introdutório sobre o montanhismo carioca, seu histórico e instituições, percebi que, primeiro, era importante distinguir todas as nuances do que significava ser montanhista, conhecer bem o meu ‘objeto’ de estudo e, segundo, que para isso eu precisava vivenciar a experiência da montanha. Percebi que jamais seria levada a sério pela comunidade montanhista se falasse apenas de fora, se não compreendesse o que motiva uma pessoa a sair arriscando a própria vida por aí, ou no mínimo passando uns perrengues, quando poderia estar realizando atividades mais seguras e confortáveis. Enfim, acho que aqui todo mundo sabe do que estou falando, não é mesmo?!

Além dos impactos negativos que nossa atividade causa à vegetação de afloramentos rochosos, também discuti em meu estudo a importância que nós temos na proteção da natureza quando seguimos as diretrizes de mínimo impacto, respeitamos e trabalhamos junto com as instituições públicas responsáveis pela gestão das áreas protegidas e quando compartilhamos nosso conhecimento com aqueles que chegam, por vezes, tão afobados pela aventura que lhes escapam apenas o contemplar e respeitar o tempo da natureza.

Por fim, cinco anos depois de concluir o trabalho árduo de escrever uma dissertação e vencer os traumas desse período (pós-graduandos entenderão), venho agora compartilhar com vocês um pouco do que aprendi.

Recomendo a leitura aos interessados em história, botânica, unidades de conservação, escalada e montanhismo.

Boa leitura!

https://drive.google.com/file/d/1apOorXRKe5qGfy3vPcpMHiNJ63LWKHrm/view?usp=sharing

A conquista do K2

A conquista do K2

Publicado no Boletim CNM MAR/2015

O K2 é segunda montanha mais alta do mundo, com 8.611 metros de altitude e é considerada por muitos como a montanha mais difícil de alcançar o cume. O ano de 2008 foi marcado por um trágico acidente, no qual morreram 11 montanhistas de diversas nacionalidades e essa história motivou o autor Graham Bowley a escrever o livro “Morte e Vida no K2” no qual relata os dias que cercaram essa tragédia. Porém, abaixo segue um trecho do livro no qual conta um pouco sobre a história da conquista desta pirâmide do Himalaia que seduz muitos montanhistas há décadas:

“ A cordilheira de Karakoram faz parte do Himalaia ocidental e forma um divisor de águas entre o subcontinente indiano e os desertos da Ásia Central. Ali, quatro picos com mais de 7.900 metros ficam a 24 quilômetros um do outro. Entre um pouco mais nesse território de gelo e morena e finalmente, depois de três dias, surge, acima de todos esses imponentes gigantes, o K2, a segunda mais alta montanha do mundo.

O modo como o K2 ganhou seu nome tornou-se lenda. Em setembro de 1856, um pesquisador britânico do Grande Projeto de Topografia Trigonométrica da Índia, tenente Thomas G. Montgomerie, escalou um pico na Caxemira carregando teodolito, um quartzo e uma prancheta topográfica. Sua tarefa era determinar a fronteira imperial do Raj.

Duzentos e vinte e cinco quilômetros ao norte ele viu duas montanhas imensas, que esboçou em seu caderno em tinta, acima de sua própria assinatura ondulada e imponente. Ele as chamou de K1 e K2. O “K” de Montgomerie significava Karakoram. (Ele registrou desde K1 até o K32 e assinalou a altura do K2 em 8.619 metros, apenas 8 metros a mais). Mais tarde se descobriu que o K1 tinha um nome local, e ficou registrado nos mapas como Masherbrum. Mas o K2 não tinha, por esse motivo o nome de Montgomerie pegou.

Cinco anos depois da visita do tenente, outro robusto e severo construtor do império britânico, Henry Haversham Godwin-Austen, chegou mais perto do K2, tornando-se o primeiro europeu a subir ao glaciar de Baltoro.

Em reconhecimento por seu feito, uma moção foi proposta, em 1888, à Royal Geographical Society em Londres, para que o K2 “no futuro seja conhecido como pico Godwin-Austen”. A moção foi rejeitada, mas o nome permaneceu em alguns mapas e matérias de jornal até meados do século XX. Ele carregava traços coloniais, no entanto, e no fim “K2” venceu, embora o nome de Godwin-Austen ainda identifique o glaciar ao pé da montanha.

(…)

Nos anos imediatamente posteriores à Segunda Guerra Mundial, as hostilidades podiam ter terminado ao redor do mundo, mas ainda havia as rivalidades nacionais na arena do Himalaia. Em 1950, uma expedição de alpinistas franceses foi a primeira no mundo a escalar um pico acima de 7.900 metros ao chegar ao cume do Annapurna I, no Nepal. Em 1953, o monte Everest, o mais alto de todos eles, foi conquistado pelos ingleses; a notícia do acontecimento chegou a Londres na noite da coroação da rainha Elizabeth II e foi motivo de celebração nacional.

Na primavera de 1954, foi a vez da Itália engrandecer sua reputação nacional e reformular seu temor pós-guerra, quando uma expedição chegou ao Paquistão para conquistar as escarpas do K2.

A expedição era composta por 11 alpinistas, quatro cientistas, um médico, um cineasta, dez carregadores de altitude hunzas e quinhentos carregadores adicionais. Juntos eles levaram nos ombros mais de 13 toneladas de suprimentos, incluindo 230 cilindros de oxigênio suplementar.

O autocrático líder da expedição, Ardito Desio, era um geógrafo e geólogo de Palmanova, no nordeste da Itália. Homem ambicioso, foi apelidado de Il Ducetto, ou Pequeno Mussolini, pelos membros da equipe. Para demonstrar sua séria intenção, antes de se aproximar a pé. Desio e três companheiros circundaram a montanha num DC-3. O exército paquistanês auxiliou sua aproximação construindo pontes sobre as ravinas, e, num eco da guerra precedente, instou seus alpinistas nas encostas, pelo rádio no acampamento-base, a tornarem-se “campeões de sua raça”. Ao entrarem pelo terreno despovoado do vale circundante, alguns dos carregadores tiveram cegueira de neve depois que Desio se recusou a os equiparem com óculos de sol adequados. Os carregadores chegaram a encenar uma revolta, mas foram aplacados por cigarros e gorjetas e pela intervenção do oficial de ligação militar, coronel Ata-Ullah, embora alguns deles depois tenham roubado farinha e o biscoito da equipe.

A escalada em si foi notável pelo uso de um guindaste de aço e 300 metros de cabos de aço para içar suprimentos pesados montanha acima. E após 63 dias de preparação – e da morte de Mario Puchoz, um alpinista de 36 anos e guia de montanha de Courmayeur, em virtude de complicações inicialmente diagnosticadas como pneumonia, mas posteriormente aceitas como edema pulmonar –, à noite de 30 de julho de 1954 dois alpinistas haviam alcançado 7.900 metros e estavam mais ou menos a um dia de escalada do topo.

À primeira luz da manhã, os dois homens, Achille Compagnoni, um alpinista de Lombardia, com 40 anos, o preferido da expedição de Desio, e seu parceiro de 28 anos, Lino Lacedelli, de Cortina d’Ampezzo, escalaram em direção ao cume. Em certo ponto, Compagnoni escorregou e caiu, mas aterrissou em neve macia. Em outro, Lacedelli, ao remover as luvas para limpar os óculos, descobriu que os dedos estavam brancos e insensíveis. Os dois homens estavam carregando pesados tubos de oxigênio. A 183 metros do cume, no entanto, sentiram tontura; o gás tinha acabado e eles tiraram as máscaras.

Acreditando que acima de 8.500 metros a vida sem oxigênio era impossível por mais de dez minutos, eles aguardaram o fim. Quando o fim não veio e eles descobriram que podiam respirar, os dois seguiram em frente, com dificuldade, embora tivessem entrado num estado alucinatório, ambos acreditando que Puchoz, seu colega morto, os estava seguindo logo atrás.

Poucos minutos antes das seis horas da tarde, a encosta ficou plana; eles se deram os braços e, dizendo “Juntos”, pisaram no cume. O K2 tinha sido derrotado. O New York Times publicou a história no dia 4 de agosto de 1954: “Italianos conquistam o segundo mais alto pico do mundo; o monte Godwin-Austen, na Caxemira, é escalado num esforço de 76 dias”.

De volta à Itália, a expedição foi recebida com uma previsível onda de fervor patriótico; um selo foi emitido em homenagem aos alpinistas, e eles foram recebidos pelo papa Pio XII. Seguiram-se também décadas de ressentimento pelo modo como a chegada ao cume havia ocorrido.

Na noite anterior à chegada ao cume, Compagnoni tinha montado o acampamento final mais alto que o combinado com o resto da equipe, e o escondeu atrás de uma rocha. Ele fez isso porque havia um número limitado de equipamentos de oxigênio e ele não queria que outro alpinista, Walter Bonatti, que vinha subindo juntos com um carregador hunza chamado Mahdi, tomasse seu lugar. Bonatti era um montanhista talentoso, mais jovem, e menos favorecido pelo líder Desio, e pelas instituições de escalada italianas.

Em consequência do esconderijo, Bonatti e Mahdi foram obrigados a passar a noite a céu aberto, sobre uma pequena saliência de gelo, na lateral da montanha. Eles de fato tinham levado os equipamentos de oxigênio para o cume e os deixaram na neve. Mahdi, que não estava usando botas de escalada adequadas, teve de descer às pressas, desesperadamente, à primeira luz do dia. Ele sobreviveu, mas perdeu metade de ambos os pés em virtude de geladura, e também quase todos os dedos.

O rancor durou anos na Itália. Bonatti veio se tornar um dos mais bem-sucedidos e respeitados alpinistas de sua geração, e os montanhistas geralmente aceitam essa versão dos acontecimentos. Nos anos 1960, Compagnoni revidou, afirmando que Bonatti tinha esvaziado os tanques de oxigênio, com isso arriscando as vidas dos dois homens que chegaram ao cume. Ele disse que Bonatti também tinha convencido Mahdi a acompanhá-lo até o acampamento final prometendo-lhe, falsamente, tentar chegar ao topo. Bonatti ganhou um processo por difamação contra um jornalista que publicou as afirmações de Compagnoni. Desio retornaria ao Paquistão em 1987 para decidir finalmente a questão de qual pico era mais alto, o K2 ou o Everest. (Um astrônomo da Universidade de Washington tinha anunciado que novos dados fornecidos por um satélite da Marinha mostravam que o K2 poderia ser 243 metros mais alto que o Everest; usando uma tecnologia melhor, Desio e seus colegas descobriram ser o contrário.) Ele também enfrentou perguntas sobre se tinha escondido a verdade acerca do que tinha acontecido na montanha.

Apesar do rancor, o feito da equipe italiana ainda estava de pé. Quase cem anos após o primeiro vislumbre do K2 por Thomas Montgomerie, dos Engenheiros Reais, o homem tinha finalmente chegado à neve no topo do K2. “

 

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20091120 - ROMA - HUM - ALPINISMO, MORTO LINO LACEDELLI, CONQUISTO' IL K2 NEL 1954 - Un'immagine (data non disponibile) che riproduce l'itinerario seguito nel 1954 per raggiungere la vetta del K2. Cinquant'anni dopo, gli italiani Silvio Mondinelli e Karl Unterkicher hanno raggiunto quota 8.611metri alle 16,40 locali (13,30 italiane). La scalata e' stata fatta in stile 'alpino', senza l' utilizzo di bombole di ossigeno. Successivamente sono giunti in vetta altri membri della spedizione italiana. Lacedelli, da tempo malato, avrebbe compiuto il prossimo 4 dicembre 84 anni. ANSA/archivio/gid

20091120 – ROMA – HUM – ALPINISMO, MORTO LINO LACEDELLI, CONQUISTO’ IL K2 NEL 1954 – Un’immagine (data non disponibile) che riproduce l’itinerario seguito nel 1954 per raggiungere la vetta del K2. Cinquant’anni dopo, gli italiani Silvio Mondinelli e Karl Unterkicher hanno raggiunto quota 8.611metri alle 16,40 locali (13,30 italiane). La scalata e’ stata fatta in stile ‘alpino’, senza l’ utilizzo di bombole di ossigeno. Successivamente sono giunti in vetta altri membri della spedizione italiana. Lacedelli, da tempo malato, avrebbe compiuto il prossimo 4 dicembre 84 anni.
ANSA/archivio/gid

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Trilhas esquecidas de Niterói

Trilhas esquecidas de Niterói

Publicado no Boletim CNM DEZ/2013

Devido ao bom trabalho realizado no Parque Estadual da Serra da Tiririca nos últimos anos, nos habituamos a apenas frequentar as bandas da Região Oceânica de Niterói, em busca de nosso refugio nas pedras e florestas.

Entretanto, devido à expansão urbana e a violência associasao-francisco-morro-da-viracao-3da, acabamos por “esquecer” que existem outras trilhas no município…

A trilha que leva ao topo do Morro do Santo Inácio, uma montanha com 375 metros de altitude e situado no bairro de São Francisco já foi à montanha mias frequentada de Niterói, até os anos 90, mas, devido aos fatores descritos acima, deixou de ser frequentada…

Verdade seja dita, na região do Morro do Santo Inácio, Parque da Cidade e arredores existem 9 trilhas tradicionais que caíram em desuso, fora vias de escalada (4 se não me engano).

No quesito escalada, o potencial de novas vias na face Norte do Morro do Santo Inácio é incrível! Por sinal, existe um acesso a essa parede, situado pela Rua Mário Joaquim Santana, número 204, entrando por uma escadaria de uma vila (que não tem portão) e, ao final da vila, o ultimo lote a esquerda não possui muro e fica direto na floresta. Deste ponto, uma caminhada de 150 metros é suficiente para chegar à parede, fica aí a dica meu povo! È a parede onde se localiza a via “Paredão Surpresa”.

Voltando as trilhas, temos a trilha tradicional para o Morro do Santo Inácio, que fica na Rua Manuel Duarte, em São Francisco. Esta rua até recentemente tinha um portão, que foi retirado, mas infelizmente o acesso à trilha está fechado por um portão e cerca eletrificada instalada por moradores.

A segunda opção para se chegar ao Moro do Santo Inácio é pelo Parque da Cidade, pela Estrada do Maceió. A partir do Posto da Guarda Municipal Ambiental, por um caminho de estrada e posteriormente trilha, é um caminho de cerca de 2 quilômetros para ir e 2 para voltar, de fácil orientação.

Do Parque da Cidade para Cafubá ou Piratininga, temos 4 trilhas, mas apenas uma está em condição plena de uso, que é acessada pela Estrada da Viração. Esta, tendo inicio também da Guarda Municipal, possui uma extensão aproximada de 3 quilômetros, terminando ao lado da AABB Piratininga (infelizmente na saída do futuro túnel Charitas X Cafubá).

Uma outra trilha que termina em Cafubá é a chamada de Trilha Colonial. Tem esse nome por ter, em seu caminho, a ruína de uma ponte da época do Brasil Colônia, em meio a Mata Atlântica. Mas esta está bem fechada, mas está sendo negociada junto a Prefeitura de Niterói a reabertura da mesma, possui apenas 1,1 quilômetros e sai no bairro do Cafubá.

Na área do Parque da Cidade existe uma série de trilhas curtas, usadas principalmente pelo pessoal de bikes, logo, seu uso te que ser com muito cuidado e atenção, enquanto não for demarcado o uso das mesmas.

Temos mais duas, de extensão mais considerável, que originalmente eram usadas após os grupos acessarem o Morro do Santo Inácio. A primeira é a travessia São FranciscoXJurujuba, com 8 quilômetros de extensão, que de iniciava na Rua Manuel Duarte, em São Francisco, dali se ia ao Morro do Santo Inácio, depois, ao Parque da Cidade, Estrada da Viração até o final da mesma (onde tem um mirante usado pelo povo do Voo Livre atualmente) que vira uma trilha que termina em um mirante (hoje a floresta fechou quase totalmente este mirante) e, a partir dali, se descia a montanha paralelo a cerca do Forte Rio Branco, terminando a trilha na ruína dos Jesuítas que existe entre a pedreira e o Forte Rio Branco (área particular que hoje proíbe o acesso), próximo ao Clube Naval.

E a variante que termina no Bairro Jardim Imbuí, em Piratininga, que também passa por outra ruína Jesuíta escondida na Mata Atlântica, esta, com 7 quilômetros de extensão.

Enfim, temos ainda muitas trilhas e vias de escalada (estas a serem conquistadas) mais próximas à região central de Niterói, inclusive um potencial Campo Escola bem no vale abaixo ao antigo Hotel Panorama, que alguns chamam de “Campo Escola da Viração”.

Montanhas não nos faltam… Quem se habilita a frequentá-las?

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Montanhismo Fluminense: Um Fenômeno recente?

Montanhismo Fluminense: Um Fenômeno recente?

Publicado no Boletim CNM – DEZ/2012

Quando da fundação do Clube Niteroiense de Montanhismo, em 2003, se debateu sobre este tema, se o CNM seria “inovador” ao ser criado na região leste da Baia da Guanabara. Logo depois de sua criação, a surpresa! O sexto clube de montanhismo do Brasil era de Niterói! O extinto Clube Excursionista Icaraí (CEI), fundado em 03 de maio de 1939, com o lema; “Sois brasileiros? Quereis conhecer de perto a vossa pátria? Inscrevei-vos no Clube Excursionista Icaraí.” Com atividades de caminhadas tanto em Niterói quanto no Distrito Federal (a atual cidade do Rio de Janeiro).

Mas, entre o CEI e o CNM temos um hiato de tempo de 63 anos …, o que houve nesse período? Existia a prática de montanhismo em Niterói e arredores? Em Niterói sempre houve atividade de tropas escoteiras em diversos bairros, o que sem dúvida, permitiu que a prática do montanhismo continuasse em nosso berço, sendo algo um pouco “naturalizado”, mas não com a alcunha de montanhismo, era simplesmente o hábito de frequentar nossas florestas e montanhas, mas infelizmente não como a ideia de um clube excursionista como conhecemos hoje em dia.

Os excursionistas da Capital vinham frequentar nossas montanhas que, de certa forma, eram pouco frequentadas, sendo que a primeira conquista de uma via de escalada em Niterói foi, parece, em 1956, batizada de “Artificial da Conquista”, na Agulha Guarish, na Serra da Tiririca. Tivemos também a “Chaminé Campelo” em 1956 no morro do Cantagalo, na Reserva Darcy Ribeiro (acho que agora, deve ser conhecida como Setor Darcy Ribeiro, do Parque Estadual da Serra da Tiririca) e o “Paredão Surpresa” em 1978, no Morro do Santo Inácio.

Na década de 70, houve cerca de 8 conquistas de vias, 13 conquistas na década de 80 e 10 até fi ns dos anos 90.

Após este período, as rochas niteroienses testemunharam uma verdadeira febre de novas de vias de escaladas!

Mas voltando a idéia de Clubes de Montanhismo, em junho de 1989 houve a fundação do Grupo Caminhante Independente, por Gerhard Sardo que, originalmente, almejava a ideia de um clube excursionista, tanto que em suas programações de atividades, o informativo do GCI constava um item curioso, que era “Influência Ideológica” onde elencava os nomes dos clubes de montanhismo cariocas. Houve também o Grupo Terra, mas de curta duração.

Em 1992 o GCI executou um projeto que foi, a seu modo, um marco na História das Montanhas de Niterói, a campanha SOS Montanhas de Niterói, quando foram realizados mutirões de limpeza em todos os topos e trilhas do município. Nesse momento, as pessoas que frequentavam as trilhas se deram conta de duas informações importantes:

SIM, nós temos montanhas! E do quanto estavam degradadas nossas montanhas.

Infelizmente também em 1992 o GCI começou a enveredar o caminho do movimento de defesa ambiental, perdendo de forma irreversível sua ideia original, que era o de um clube de montanhismo. Mas essa iniciativa acabou rendendo frutos, e membros deste grupo fundaram: o Grupo Cauã de caminhadas; Grupo Sussuarana, de Jorge Antônio Lourenço Pontes e Flávio Siqueira, ambos de curta existencia no território fl uminense; e o Projeto Ecoando, em 1994, de Cássio Garcez, que é um misto de empresa de ecoturismo e de um Clube Excursionista, que existe até hoje.

O ano de 1994 também foi marcado pela tragédia no montanhismo fl uminense. Em 25 de setembro de 1994 um grupo do Clube Excursionista Brasileiro, em uma atividade de caminhada ao Morro do Cantagalo, foi atacado por um enxame de abelhas africanizadas, gerando o óbito de Herald Zerfas (guia) e Joaquim Afonso Braga. Herald era um montanhista apaixonado pelas montanhas de Niterói, onde realizava diversas caminhadas e escaladas, sempre com bom humor e um chapéu estilo tirolês.

Ao iniciarmos o novo milênio, o montanhismo em Niterói ressurgiu em sua forma mais organizada e, com o apoio da FEMERJ montanhistas organizaram, finalmente, o segundo clube de montanhismo de Niterói, o Clube Niteroiense de Montanhismo, que teve em sua primeira diretoria Gustavo Muniz (presidente), Alan Marra (vice-presidente), Nise Caldas (tesoureira), Jerônimo dos Santos (diretoria técnica) e Alex Figueiredo (diretoria de meio-ambiente).

Agora, nove anos se passaram desde a primeira reunião organizada por essas pessoas e, dessa forma, tivemos um período de diversas atividades, explorações e conquistas, mas principalmente, 9 anos se passaram de risos, aventuras e camaradagem que nos deram muitas alegrias e histórias para contar.