Dissecando a Costura

Dissecando a Costura

Noutro dia, escalando com uns amigos, percebi que o guia utilizava as costuras montadas com as portas dos mosquetões opostos, resolvi pesquisar.

Comecemos pelo básico

Geralmente no Rio de Janeiro, uma via ao ser conquistada recebe proteções fixas (grampos ou chapeletas) ao longo da linha. Ao ser repetida a via, o guia coloca as costuras nestes grampos, ou seja elas são usadas para proteger o guia de uma queda rocha abaixo.

A costura é o conjunto composto de um fita fechada em anel e dois mosquetões sem trava.

O mosquetão com o gatilho reto é colocado na proteção, a fita deste lado deverá estar frouxa para não forçar movimentos neste mosquetão, evitando assim o “self-unclipping” do grampo, que é quando o mosquetão sai do grampo inadvertidamente. Pode ocorrer quando se clipa a corda de maneira errada, “de fora para dentro”, forçando a costura a se movimentar para cima. Ou quando se muda de direção acima da proteção.

O mosquetão com gatilho curvo, pode ter a fita mais justa, facilitando assim a colocação da corda, especialmente quando usamos uma fita expressa. Pode ter uma borrachinha, entretanto sua utilização em fitas de elos é muito perigosa, pois há o perigo, num momento crítico, da costura ser montada erradamente e de nada servir esta costura.

 

O “self-unclipping” da corda é quando a corda sai sozinha de dentro do mosquetão com uma queda do guia. Pode ocorrer quando o mosquetão está no mesmo lado da quedado guia. Ocorre mais nas vias esportivas e em tetos.

Caso não haja diferença de formato entre os mosquetões, escolha um para ficar somente na proteção. Isto é muito importante porque o mosquetão que fica na proteção sofre um desgaste forte, criando sulcos com quinas vivas, e se houver troca para uso com a corda, este mosquetão poderá cortar a mesma em caso de queda do guia.

O gatilho do mosquetão pode ser inteiriço ou de arame. A desvantagem do primeiro é que quando um guia cai, este mosquetão poderá abrir inadvertidamente e a corda sair dele. A vantagem do de arame, é a dissipação da energia de uma queda, não abrindo a porta. Além de não emperrar a porta quando estamos escalando na neve.

Qual comprimento escolher para as costuras?

Esta escolha depende da modalidade de escalada. Geralmente esportivas são linhas relativamente retas, onde podemos utilizar costuras expressas curtas (de 15 a 25 cm). Já em vias tradicionais, em grandes paredes, normalmente as vias são tortuosas, necessitando de costuras médias e longas para que a corda não forme um zigzag, deixando-a muito “pesada”.

Para a escolha do comprimento da costura, também devemos levar em consideração se o mosquetão da corda em caso de queda, não baterá numa quina da rocha, podendo abrir o mosquetão.

Como orientar uma costura?

Há entre os escaladores do Rio duas escolas para qual lado a porta do mosquetão da costura deverá ficar: direção da escalada ao sair da proteção ou de onde está a próxima proteção. Geralmente a proteção está ou num local que foi fácil para o conquitador instalá-la ou num local que realmente evitará o guia se machucar em caso de queda.

Alguns preferem proteger esta saída perigosa, colocando a porta do mosquetão para o outro lado.

Outros acreditam que cair na saída da proteção produzirá um loop de corda pequeno e com isto a possibilidade do unclipping é reduzido, mas cair perto da proteção seguinte, com muita corda para criar um grande loop, o unclipping é possível. Eles colocam a porta do mosquetão para o lado oposto da próxima proteção.

Como orientar? Você responde!

Como montar a costura?

Finalmente voltei à primeira questão: Colocar a porta de ambos mosquetões do mesmo lado ou em lados opostos?

Escrevo o que li na página da Undercling:

“Oito fabricantes recomendam o mesmo lado (incluindo Black Diamond, Petzl); três fabricantes recomendam lados opostos (incluindo Edelrid, Omega Pacifc) e três fabricantes (incluindo DMM, Mad Rock) recomendam ambas orientações…
O que vemos atualmente é a tendência das portas dos mosquetões ficarem do mesmo lado.”
Alguns alegam que num momento crítico os dois do mesmo lado facilitará a coloção do sistema. Mas creio que neste momento, sua memória muscular que entrará em ação.

Creio que é importante analisar se há ou não mudança de direção da linha, por exemplo, o guia saindo pela direita e mais acima vai para a esquerda pois a proteção está neste lado:

Com a porta do mosquetão da proteção colocado em relação ao lado da próxima proteção pode ser pressionado de tal forma que abrirá, ocorrendo o “self-unclipping”.

Com a porta do mosquetão colocado em relação à saída imediata pode ser pressionado na sua longitudinal, mas sem quebrar. Ou seja, não haverá “self-unclipping”.

Então, como montar? Você responde!

E que tal virar o mosquetão da corda? Deixando sua abertura para cima? Eliminaria a possibilidade do unclipping da corda, mesmo no lado da porta.

Fontes:

http://www.marski.org/artigos/121-artigos-tecnicos/488-uso-das-costuras-expressas-na-escalada-protecao-fixa-e-movel

https://www.petzl.com/GB/en/Sport#.VtibT-YjrIU

http://theundercling.com/carabiner-orientation-quickdraws-ways-carabiners-face/

http://www.rockandice.com/lates-news/how-to-properly-orient-a-carabiner-gate

https://www.youtube.com/watch?v=PPCAa6Xj0lo

Montanhismo e Seleção Natural

Montanhismo e Seleção Natural

Por Rosângela Gelly – Revisão: Dalton Chiarelli e Lilian Gelly

Publicado no Boletim CNM 2015-2

Pense em quando você nasceu … o quanto precisava aprender do mundo, da vida e das pessoas para poder chegar aqui onde está: vivo e com saúde. Talvez você não se dê conta do quanto precisa saber dessas coisas para conseguir chegar inteiro a cada final de dia.

Todos os seus ancestrais foram muito hábeis em vencer os desafios do mundo a cada dia. Você é o resultado disso. E quando você nasceu começou a ganhar sua própria experiência.

Se tropeçar na calçada, você saberá o que fazer para não cair de ”cara no chão”, pois passou por um processo longo e duro para aprender isso, certo?

E agora vamos trazer isso para o mundo do Montanhismo.

Todo o aprendizado adquirido, desde o nosso nascimento, vai conosco para esse ambiente novo. As defesas que usamos no nosso dia a dia parecem ser suficientes para lidar com tudo o que pode acontecer. Mas não são, já que a Montanha exige técnicas e habilidades específicas.

Cada dia é um dia. Cada tropeço ensina, mas não é definitivo. O aprendizado aumenta o conhecimento, mas não impede tropeços futuros.  Se um acidente foi evitado, parabéns! A garantia é apenas do que passou, não há garantia do futuro.

O homem tem uma diferença, e uma grande vantagem sobre os outros animais: é capaz de passar suas experiências para os outros de sua espécie. Isso o torna capaz de, sem mesmo vivenciar alguma situação, saber que ela existe, pensar em uma solução, simular a sua ocorrência e se preparar para ela. Incrível não?!

Resumindo: como você pode estar preparado para um evento que potencialmente ameace sua vida em uma montanha? Pense ….

O que fazer no momento em que você escorrega rumo a um precipício em uma caminhada? Se a corda se solta do mosquetão? Ou se um  “friend” se solta de uma fenda?  Naquele segundo em que você pensa: “Uhm, ferrou!”. E lá está a Mãe Gravidade, democrática, esperando você de braços abertos.

Mas lembra que dissemos  que é possível desenvolver respostas a eventualidades a partir da experiência de outros?

Se você entra em um banheiro e vê uma placa escrita “Piso Molhado”, o que você faz? Talvez pense que não faz nada. Mas isso não é verdade. Todo uma mecanismo de defesa é acionado para você se “defender” de uma eventual queda.

Da mesma forma, é preciso que esteja nato, em seu mecanismo de defesa, as técnicas e habilidades necessárias para responder a uma situação de risco na montanha embora em nenhum lugar vai ter uma placa dizendo “Pedra Molhada”. Você precisa estar “ligado” o tempo todo.

Esteja treinado e apto a responder adequadamente. Ler apenas não basta. Treinar, treinar, treinar. Tudo isso requer condicionamento. Da confecção de nós, fazer corretamente seus procedimentos, e garantir o de outros, até participar de um resgate. Quanto mais se aprende, mais é possível entender que há muito a aprender.

Estar na Montanha faz parte do processo de seleção natural.

Algumas Características das Plantas sobre as Rochas

Publicado no Boletim CNM 2015-2

Por Katia Torres Ribeiro (adaptado por Stephanie Maia)

As plantas encontradas nos paredões podem ser rupícolas, quando crescem diretamente sobre a rocha, ou saxícolas, quando se localizam em pequenos platôs ou fendas com solo. Nessas situações, a água que chega escoa rapidamente e os nutrientes são escassos. Por isso, as plantas crescem bem devagar, e muitas têm adaptações especiais para lidar com a escassez de água, como é o caso dos cactos e bromélias formadoras de tanques, que armazenam água, ou das orquídeas e bromélias do gênero Tillandsia, que conseguem captar rapidamente a umidade das nuvens, ou ainda as velózias (canelas-de-ema) e capins-ressurreição, que toleram a dessecação violenta das folhas com posterior re-hidratação das mesmas folhas.

Não é fácil se fixar na rocha. Imaginem quantas sementes se perdem por secura ou enxurrada para que uma se fixe e, finalmente, cresça. Basta observar uma via inacabada na face S do Pão de Açúcar, o Paredão Universal, para constatá-lo: ela começou a ser conquistada na década de 60, mas depois foi abandonada e até hoje não apresenta sinal claro de recuperação da vegetação luxuriante que cobre esta face úmida da montanha.

É muito difícil para uma semente conseguir viajar de uma montanha para outra e, além disso, chegar a germinar. Talvez por isso haja tantas plantas que são específicas de uma ou de poucas montanhas adjacentes. Plantas em diferentes montanhas, quando não trocam sementes ou pólens, vão se tornando cada vez mais diferentes até que formam espécies distintas, e assim surgem os muitos casos de endemismo restrito (espécies só encontradas em uma única montanha).

Depois que algumas espécies mais tolerantes se fixam, começa a haver a interceptação de partículas de rocha, de húmus e detritos de plantas, e assim surge um protossolo, em que vão crescer outras plantas, como algumas gesneriáceas, bromélias e aráceas. Em geral, há primeiro a entrada de liquens e musgos, que crescem extremamente devagar (alguns liquens crescem apenas 1mm por ano!). Essas plantinhas minúsculas vão decompondo a rocha química e fisicamente, e vão juntando um pouco de solo embaixo de si, e assim também ajudam as sementes das outras espécies a se fixar. Estas então germinam e começam a crescer de forma bastante lenta também. Algumas delas crescem prostradas na rocha, e formam algo parecido com um tapete, que ajudam ainda mais a fixar partículas de solo, e mais e mais espécies conseguem se estabelecer ali. No entanto, muitas vezes esses extensos tapetes estão precariamente presos na rocha, quase que apenas aderidos, e sua retirada, bastante fácil, interrompe um processo de décadas ou mesmo de séculos de duração.

Em resumo, podemos dizer que essas espécies crescem devagar, têm dificuldade de estabelecimento (germinação + fixação) e, portanto, “investem” na longevidade. Estas plantas são, no mais das vezes, muito velhas! Ruy Alves, pesquisador do Museu Nacional do Rio de Janeiro, estimou a idade das canelas-de-ema (Vellozia candida) do Pão de Açúcar, no caminho do Costão e Paredão São Bento, em cerca de 150 anos, e em cerca de 500 anos as canelas-de-ema gigantes da Serra do Cipó.

Por que as montanhas têm plantas diferentes umas das outras?

Muitos fatores determinam quais plantas podem ser encontradas em uma certa montanha. Além do acaso e das chances das sementes terem chegado lá, as plantas são afetadas pelo regime de luz, pela rugosidade da rocha (tamanho dos cristais da rocha e forma de fragmentação), presença de fendas e outras concavidades, composição química da rocha e outros detalhes do relevo, além da presença de dispersores e polinizadores.

Também é bastante evidente o papel da insolação, da declividade e da umidade. A declividade, por exemplo, define bastante quais espécies podem ser encontradas, pois algumas delas só conseguem crescer em paredes verticais, enquanto outras dependem de um pouco de terra, e são mais comuns nas paredes menos inclinadas.Dessa forma, a vegetação sobre rocha do sudeste do Brasil e rica em endemismos, cada montanha ou conjunto de montanhas tem suas espécies particulares.

A fragilidade da vegetação
Essa vegetação sobreviveu relativamente bem até hoje, mas na verdade é extremamente frágil. A fragilidade tem dois componentes importantes: a facilidade para remover a vegetação (resistência) e o tempo que ela leva para se recuperar (resiliência). Para retirar a vegetação sobre rocha não são necessárias nem grandes ferramentas, nem tratores, nem fogo, como em uma floresta. Basta a habilidade de subir (ou descer…) na rocha e a força de algumas pessoas, ou mesmo a passagem freqüente de cordas para causar um grande estrago. Já o tempo para a vegetação se reconstituir por meios naturais ainda não foi estimado, mas é certamente muito longo. Em locais com muitas fendas a vegetação pode voltar ao que era antes em menos de 100 anos, mas em superfícies lisas os processos são mais lentos. A recuperação destas áreas é impressionantemente difícil e lenta, e no caso de se querer apressá-la, muito cara. O que é destruído agora tem de ser considerado como perda total, a não ser que sejam implementados programas intensivos de recuperação.

A velocidade com que novas vias vêm sendo estabelecidas ameaça a estabilidade da vegetação e mesmo a existência de muitas espécies, e é preciso lutar por normas de conduta que minimizem o impacto em vias novas ou já criadas, ao mesmo tempo em que se tenta determinar um patamar máximo de retirada de vegetação das paredes.

É mais fácil destruir e não se importar com plantas que parecem um simples mato. E o que é o mato? Pra maior parte das pessoas, é aquilo que vive em qualquer lugar, que cresce em abundância, que “dá como mato”. Decididamente este não é o caso das plantas sobre rocha, muitas delas assim tão pequenas e na verdade mais velhas que nossas bisavós, e que conhecemos tão pouco. É responsabilidade de todos nós poupar e ensinar os outros a proteger essa vegetação da nossa sempre crescente velocidade.

 

Fonte original: http://www.femerj.org/sobre-a-femerj/diretoria/departamento-de-meio-ambiente/150

Acesso em 20/05/2013

Nariz do Frade e sua Verruga – Parque Nacional da Serra dos Órgãos

Nariz do Frade e sua Verruga – Parque Nacional da Serra dos Órgãos

Publicado no Boletim CNM 2015-2

Data: 16/05/2015relato-foto-3

Participantes: Leandro do Carmo, Alfredo Castinheiras, Michael Patrick, Vinícius Araújo, Daniel Talyuli, Roberto Andrade, Tauan Nunes e Marcos Lima.

Local: Parque Nacional da Serra dos Órgãos

A trilha: Pegar a trilha da Pedra do Sino. O início fica metros antes de começar uns canos de ferro, que levavam água ao antigo Abrigo 2. A entrada da trilha é bem discreta e andando alguns metros, você verá um pequeno descampado, depois seguirá descendo e subindo. Cruzará dois pequenos riachos. Mais a frente, entrará numa parte bem íngreme até caminhará numa crista até começar a subir forte novamente. Após essa subida, virá o Paredão Roi Roi, será preciso estar encordado ou  fixar uma corda para segurança. Mais uma subida forte e estará na base do Nariz do Frade

Dicas da escalada: A chaminé é longa e mau protegida, principalmente nos 3 primeiros grampos. Eu escalei mais para fora, na parte mais aberta, um pouco fora da linha dos grampos, e me aproximava para costurá-los. Optei por não costurar o segundo grampo, pois ele fica numa parte bem estreita, fui direto do primeiro para o terceiro. Há uma parada dupla, bem confortável num platô. A partir desse platô, escalar em livre numa sequência de 4 grampos até uma pequena entrada (entrar na de baixo, a menor). Nesse dia estava bem úmida. Faz uma chaminé horizontal, bem apertada, onde segue agachado até o final, dali já dará para ver a luz lá no alto. Não tem grampo nesse trecho, mas tem excelentes buracos para por os pés. Saindo do buraco, tem mais dois grampos no final e já estará no cume do Nariz do Frade, uma base bem ampla. Faltará subir a Verruga. Lá tem dois grampos para artificializar a saída e será necessário fazer um lance em livre, um 3º, até chegar a um grampo antigo e grande. Mais acima há um grampo de cume. Para o rapel, existe um grampo, logo após a pedra onde fica o livro de cume, que dá para chegar ao platô num rapel que começa positivo e termina aéreo. Existe uma parada dupla mais em baixo,  mas considerei arriscado montar o rapel ali, muito exposto. Do platô, com duas cordas, desse direto, com uma corda, deverá fazer mais um uma parada dupla no meio da parede.

Relato

Era o dia da Abertura da Temporada de Montanhismo do PARNASO. Nós do Clube Niteroiense de Montanhismo, havíamos programados de fazer vários cumes nesse dia, entre eles: Papudo, Sino, São Pedro, Neblina e a Verruga do Frade. Ao total, fomos 30. Isso mesmo, 30! Resolvemos alugar duas vans, assim poderíamos curtir mais o evento, mesmo depois de um dia cansativo… Mas vamos ao que interessa, vamos ver como foi subir essa tal Verruga…

A ideia inicial era escalar a Verruga do Frade e depois continuar na Travessia da Neblina, afinal de contas, estaríamos na base do Nariz do Frade e, teoricamente, era só escalar a grande chaminé e depois a Verruga… Mas entre a teoria e a prática… Há uma grande diferença, ou melhor, uma grande chaminé!

Chegamos na Barragem e iniciamos a trilha às 08:30h. Seguimos pelos incansáveis zigs zags da trilha do Sino e fizemos nossa primeira parada, coisa bem rápida, na Cachoeira do Véu da Noiva. Descansamos e seguimos caminho. Acho que de tanto fazer esse caminho, ele ficou até mais curto e logo estávamos no local do antigo Abrigo 2. O começo da trilha é a esquerda, numa discreta saída, alguns metros antes de começar os canos de ferro que levavam água para o antigo abrigo.

Ali, tomei a dianteira e segui descendo. Não havia feito a trilha, nem a escalada, mas sabia que era por ali. O caminho até que era óbvio, um pouco fechado em alguns trechos, muito fechado por causa dos bambus caídos em outros, mas seguimos. Cruzamos dois riachos e entre as curvas da trilha, pisei e afundei, só não rolei barranco abaixo, porque consegui me segurar.  Continuamos e bem mais a frente, quando pega uma parte mais plana, tem uma pegadinha que muitos desavisados chegam a ir reto, até parar no meio do nada. Foram colocados alguns galhos e existe um totem. Nesse ponto deve-se começar a subir. Não é tão óbvio, mas com um pouquinho de atenção dá para perceber que é por ali.

Começamos a parte mais chata da subida, num local muito instável e íngreme. Aos poucos, fomos vencendo a subida e chegamos  a uma bifurcação, onde dobramos a direita e seguimos a parte mais bonita do caminho. Caminhamos pela crista até que começamos a subir forte novamente. Mais a frente, chegamos ao Roi Roi. Uma sequência de alguns grampos que fui subindo sem segurança e fixei uma corda para agilizar a subida. Depois de fixada a corda, continuei a trilha até um mirante onde era possível ver o Nariz do Frade e toda a sua beleza.

Já há alguns minutos ali contemplando a beleza, o Marcos Lima chegou e aproveitamos para fazer algumas fotos. A cidade de Teresópolis,  ao fundo, tentava de qualquer maneira aparecer nas fotos, mas o ballet das nuvens, ao mesmo tempo que cobria a nossa visão, dava um espetáculo a parte… Segui até a base da chaminé, afinal de contas, não via a hora de chegar lá em cima. Até que caminhamos bem… Levamos cerca de 2 horas para percorrer o caminho. Quando cheguei de frente a chaminé, pensei: “Tô f…”. Sabia que era grande, já havia visto fotos, mas ao vivo… Era beeeeeem diferente.  Já tinha uma cordada na via e o último estava começando a subir. Achei que seria rápido, mas no rítimo que ele estava indo, iria demorar um pouco. Todos chegaram e aproveitamos para fazer um lanche. Enquanto lanchava, fui dar uma olhada pelo local. De cara já deu para ver que o primeiro grampo era bem, mas bem alto mesmo.

Já tinha a dica de que a melhor forma de subir não era seguir o grampo e sim, escalar pela parte mais larga da chaminé e se aproximar do grampo somente para costurá-lo. O caminho da conquista foi outro, bem lá no fundo. No relato dos conquistadores, que está no arquivo do CEB, consta que quando chegaram a base do “Nariz” perceberam que o melhor caminho seria uma chaminé de aproximadamente 50m. Úmida e com bastante limo, utilizaram a técnica vigente na época. Construíram uma grande escada, improvisada com varas de 5 a 6 metros de comprimento. Vencido este obstáculo ainda tiveram que atingir o topo da verruga do nariz do Frade. Mais 11 metros de escalada e atingiram o topo. Esta conquista precisou de um grande trabalho de equipe que se iniciou no dia 04 de junho de 1933, com a abertura da trilha até a base por Malvino Américo de oliveira, Andral Povoa e Luiz Gonçalves. Na semana seguinte juntaram-se ao time Alcides Rosa de Carvalho, Arlindo Motta e Antônio F. de Godoy. Para a construção da escada e investida final reforçaram o grupo os Montanhistas José Claussem e Miguel Ignácio Jorge. Mais tarde foi instalada uma grande escalada, feita com cabos de aço, que acabou se perdendo no tempo e hoje não está mais no local. A foto ao lado, gentilmente cedida pelo Sobral Pinto, mostra como era essa escada.

Depois de 1 hora esperando, iniciei a escalada. Comecei a subir bem pela parte de fora da chaminé. Fui subindo, tentando manter um ritmo constante. Parei para dar uma descansada e olhei para cima, o grampo ainda continuava longe, olhei para baixo e também já estava longe… Com o apoio da galera continuei subindo. Mais alguns longos metros e costurei o primeiro grampo e pude descansar um pouco, cerca de 1 minuto e já parti para o próximo. O segundo grampo fica muito para dentro da chaminé.  Talvez a parte mais apertada… e olha que sou pequeno e magro… Resolvi ir direto para o terceiro. A chaminé tem ora que fica tranquila, mas em alguns lances fica apertada, mas de uma maneira geral é boa. Só é bem longa e pouco protegida.

Chegando ao terceiro grampo, passei a costura e dei mais uma pausa. Os grampos seguintes estavam um pouco mais próximos e a linha ia seguindo para a direita. Continuei subindo e em alguns momentos colocava o joelho na parede para ajudar a descansar… Mais acima, costurei o quarto grampo, depois o quinto e finalmente o sexto. Esse último, fica do lado oposto, já no final da chaminé, na base do platô. Como ele estava atras de mim,  estiquei o braço para costurar e passar a corda, só depois que fiz o movimento e girar e passar para o platô.

No platô a cordada da frente ainda estava lá. O Guia já havia ido e faltavam os dois participantes. Montei a parada e fixei a corda, para que o pessoal viesse subindo. Enfim pude descansar um pouco… O primeiro a chegar foi o Alfredo, que trouxe mais uma corda, na qual fixei também.. Em seguida, veio o Marcos Lima. Enquanto o resto de pessoal subia, o Alfredo e o Marcos preparavam o caminho para a próxima enfiada. Uma sequência de 4 grampos, num misto de pequenas agarras. Só que estava escorrendo muita água e resolvemos colocar alguns estribos. Chegaram também o Daniel e o Roberto. Enquanto aguardávamos os outros, acompanhávamos o outro grupo de CNM na Travessia da Neblina. Depois, chegou o Michael e, por último, o Vinícius.

Enquanto o Vinícius vinha subindo, puxei uma corda e já parti para o próximo desafio. O Alfredo, que já havia feito, me disse para seguir pela menor entrada, nesse caso, a de baixo. E para lá segui… Quando cheguei na entrada, falei: “Alfredo, você tem certeza que é por aqui?”. Tive que fazer alguns movimentos contorcionistas para poder entrar. Estava  bastante úmido o interior dessa passagem. A parede de trás era um pouco inclinada para frente, porém com bom apoio de pés, e isso facilitou um pouco as coisas. Entrei literalmente fazendo a dança do siri, bem agachado. Pois é nessa posição mesmo, se é que você conseguiu imaginar alguma coisa… Segui sem costurar (pois não há grampos) numa horizontal, até que pude ver mais acima, a luz no fim do túnel! Iniciei a subida, passando por uma pedra no estilo 127 horas, que nem encostei nela… Enfim, havia terminado. Puxei a sobra de corda, a fixei e avisei para os próximos subirem.

Por alguns minutos fiquei sozinho a contemplar toda aquela beleza. Depois de todo o esforço, uma sensação de conquista e alívio me tomaram conta. Nunca havia sentido isso antes… Sentei aos pés da Verruga e pude observar, do outro lado, o pessoal na Travessia da Neblina. Aproveitei para assinar o livro de cume e dar uma volta na ampla base do Nariz do Frade. Em seguida, chegou o Alfredo. Quando ele chegou, aproveitei para subir a Verruga. Antigamente existia um cabo de aço, mas hoje, só restam os grampos, na verdade 4. Além de dois grampos iniciais, o que é necessário para fazer o artificial da saída, tem um lance em livre obrigatório, acho que 3º grau até um grampo grande e antigo. Depois desses três, tem um lá no cume. Me encordei e segui para o lance. Coloquei duas fitas no primeiro grampo e mais uma no segundo. O que mais importava agora era chegar ao cume. Mais algumas passadas e estava no cume da Verruga do Frade. Agora sim missão cumprida, ou melhor, quase cumprida, pois faltava a volta…

O Marcos foi o próximo a subir e em seguida o Alfredo. Já passávamos das 14:30h e resolvi descer e agilizar o pessoal que faltava subir. Quando o penúltimo subiu, puxei uma corda e fui começar a preparar o rapel. Desci até ao platô no final da chaminé, montei a parada e esperei a galera descer. Aos poucos todos estavam lá, sete no total. Emendamos duas cordas e começamos o rapel até a base. Abri esse rapel, e rapidamente cheguei a base. Ali fiz um lanche e esperei a galera chegar. Ainda tínhamos muito trabalho, já era 17:00 h e com certeza, faríamos a trilha a noite. Quando todos já estavam na base e alguns já finalizando o lanche, fui com uma corda para fixar no Paredão Roi Roi e agilizar a descida. Aos poucos, a luz do sol foi acabando e como estava muito nublado, anoiteceu por volta das 17:30 h. Antes do último a fazer o rapel, já estávamos com a lanterna ligada.

Voltamos a andar e a trilha na parte mais baixa, onde as nuvens se concentravam, estava molhada, havia chovido um pouco e sentíamos que estava chuviscando, mas como a floresta é bastante densa, impedia de vermos alguma coisa. Levamos alguns tombos e acho que ninguém escapou… Fui seguindo na frente e em alguns pontos tive ir voltar para tentar achar o caminho correto. Mas seguimos e foi um alívio chegar à trilha do Sino, no local do antigo Abrigo 2. Descemos e fizemos uma parada na Cachoeira Véu da Noiva. Encontramos o grupo que vinha da Travessia da Neblina. Alguns desceram, outros preferiram descansar mais um pouco. Eu fui logo em seguida e caminhei sozinho até a Barragem, onde cheguei, exatamente 12 horas depois de começar. Peguei a trilha suspensa e fui descansar na Casa do Montanhista, onde rolava o evento da ATM.

Agora a missão estava cumprida! Valeu a todos por essa grande e inesquecível aventura!!!

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Trilhas – A Incrível Jornada de Uma Mulher Pelo Deserto Australiano, de Robyn Davison

Trilhas – A Incrível Jornada de Uma Mulher Pelo Deserto Australiano, de Robyn Davison

Trilhas – A Incrível Jornada de Uma Mulher Pelo Deserto Australiano, de Robyn Davison.

Por Eny Hertz

livro_022Robyn Davison nos relata a jornada de 2.800 km com uma narrativa que nos prende em todas as páginas, com aventuras do primeiro ao último capítulo. Ela ganha uma clareza e entendimento da terra ao aprender a depender dela.

 

“Sugestão de Leitura” publicada no Boletim CNM 2015-2.

Viciado no Perigo – Uma Autobiografia Sobre a Defesa da Vida Diante da Morte, de Jim Wickwire e Dorothy Bullitt

Viciado no Perigo – Uma Autobiografia Sobre a Defesa da Vida Diante da Morte, de Jim Wickwire e Dorothy Bullitt

Viciado no Perigo – Uma Autobiografia Sobre a Defesa da Vida Diante da Morte, de Jim Wickwire e Dorothy Bullitt.

Por Francisco Caetano

livro_024Mallory, Messner, Hillary, Norgay, Bonatti, Herzog, Lachenal, Rébuffat, Terray, a lista não é pequena mas citar qualquer um desses nomes não passa desapercebido por qualquer montanhista, do novato ao mais experimentado. Mas esse rol de alpinistas ilibados também conta com ilustres desconhecidos ou pouco conhecidos, que nem por isso deixam de ter grandes feitos em seus currículos e grandes aventuras em sua jornada, esse é o caso de Jim Wickwire. Primeiro americano a subir o K2, teve uma vida permeada de aventuras e feitos notáveis como um fantástico bivaque a incríveis ascensões em solo, mas também com algumas tragédias. Para conhecer melhor esse cara, seus feitos e fatos a dica que damos é a autobiografia intitulada “Viciado no Perigo” da Editora Manole, uma leitura emocionante, as vezes tensa, mas verdadeira, do jeito que todos montanhistas gostam.

 

“Sugestão de Leitura” publicada no Boletim CNM 2015-2.

Linha D’Água. Entre Estaleiros e Homens do Mar, de Amyr Klink

Linha D’Água. Entre Estaleiros e Homens do Mar, de Amyr Klink

Linha D’Água. Entre Estaleiros e Homens do Mar, de Amyr Klink.

Por Leandro Collares

livro_023Quando comecei a ler Linha d’água, tive a nítida sensação de “participar da narrativa”, como se os cenários e atores se formassem imediatamente no pensamento. Leitura intensa, daquelas que você não consegue parar e quando para, não vê a hora de recomeçar.

 

“Sugestão de Leitura” publicada no Boletim CNM 2015-2.

Resumo do Estudo de Grampos no Brasil

Resumo do Estudo de Grampos no Brasil

Em 1999, Marcelo Roberto Jimenez e Miguel freitas fizeram um interessante estudo sobre as proteções fixas utilizadas em escaladas no Brasil.

Foram feitos cálculos e alguns testes práticos (em campo e laboratório) afim de estimar a forma sofrida pelo sistema durante uma queda de guia e qual a carga máxima suportada pelos grampos comumente usados como proteção fixa no Brasil.

Em 2013 eles revisaram este material e acrescentaram informações sobre o pouco que havia mudado 14 anos depois.

O estudo e a revisão estão bem detalhados em um documento de 35 páginas por eles publicado.

Resumo aqui minha visão do que eles relataram neste documento

Coloco abaixo um breve descritivo dos testes realizados:

  • Foram testados 4 grampos de ½” com olhal de 3/8”.

Em média com olhal para cima eles aguentaram uma carga de 1250kgf.

  • Foram testados 3 grampos de ½” com olhal de 3/8”.

Em média com olhal para baixo eles aguentaram uma carga de 3500kgf.

  • Foram testados 2 grampos de ½” com olhal de 1/2”.

Em média com olhal para cima eles aguentaram uma carga de 4500kgf.

  • Foram testados 2 grampos inox de ½” com olhal de 3/8”.

Em média com olhal para cima eles aguentaram uma carga maior que 2000kgf.

  • Foi testado 1 grampo de ½” com olhal de 1/4”.

Com olhal para cima ele aguentou uma carga superior a 2600kgf.

Resumindo, a tabela mostra os resultados encontrados nos testes práticos em relação a força para ruptura dos grampos:

Material Diam. Haste Principal Diam. Olhal Quant. de Amostras Posição do Olhal Força Ruptura
Aço carbono 1020 1/2″ 3/8″ 4 Para cima 1250kgf
Aço carbono 1020 1/2″ 3/8″ 3 Para baixo 3500kgf
Aço carbono 1020 1/2″ 1/2″ 2 Para cima 4500kgf
Aço Inoxidável 1/2″ 3/8″ 2 Para cima 2000kgf
Aço Inoxidável 1/2″ 1/4″ 1 Para cima 2600kgf

Analisando estes valores e comparando com o sugerido pela Norma UIAA eles chegaram a conclusão de que da forma que são construídos e instalados os grampos não são recomendados como proteção fixa.

Eles levantaram algumas recomendações em relação a material dos grampos e da importância de uma instalação bem feita.

Porém ao meu ver o principal legado deste estudo foi mostrar que os grampos aguentam mais carga quando instalados com o olhal voltado para baixo

quando comparado a forma mais comum de utilização, onde os grampos são instalados na rocha com o olhal voltado para cima.

Hoje os grampos são instalados com olhal para cima para evitar força na solda, que se mal feita torna-se o ponto mais fraco do sistema.

Ou seja, para que os grampos fossem instalados com olhal para baixo o ideal seria eliminar as soldas, que poderia ser conseguido com a fabricação de grampos pelo processo de forjamento.

Como grampos forjados seriam extremamente caros devido ao custo do processo isso não parece viável.

Uma alternativa então é melhorar a qualidade das soldas, de forma a garantir que estas sejam bem feitas e que os grampos possam ser instalados com o olhal para baixo.

Como recomendação para melhorar as soldas de forma a poder seguramente instalar os grampos com o olhal pra baixo, aumentando a resistência, eles recomendam as 3 medidas abaixo:

  • Utilização de chanfro nas soldas;
  • Marcação dos grampos para rastreabilidade;
  • Utilização de mecanismos de expansão na instalação. (Esta afirmação não se manteve na atualização de 2013).

Eu concordo com eles nos 02 primeiros pontos. Porém não acho que estas recomendações sejam o bastante para garantir que a solda seja bem feita e por isso acrescentaria ainda os pontos a seguir:

  • Utilização de Especificação de Procedimento de Soldagem (EPS) pré-qualificada para realização das soldas.
  • Exames destrutivos por amostragem;
  • Exames não-destrutivos (No mínimo visual) individuais;

Sobre a utilização de chapeletas, que passam por testes de certificação e com isso possuem carga máxima definidas pelo fabricante, em torno de 2500kgf, é importante lembrar que são bastante seguras porém se mal instaladas também podem colocar o escalador em risco. Materiais diferentes não devem ser usados nas porcas e parafusos.

Na versão de 2013 eles finalizam o artigo com uma sessão de perguntas e respostas muito útil, que eu resumo abaixo.

  1. Inox (grampo e chapeleta) não deve ser usado em falésias próxima ao mar.
  2. Titânio é uma solução para beira-mar, de preferência colados.
  3. Não utilizar paletas na instalação de grampos.
  4. Um grampo P de aço carbono 1020 de ½” com olhal para cima resiste em média 1300kgf de força transversal sem deformações plásticas. Esta força está abaixo da normal UIAA que sugere 2500kgf.
  5. Um grampo P com olhal para baixo resiste em média mais de 2500kgf de força transversal sem deformações plásticas, atendendo a normal UIAA.
  6. Não devem ser usados grampos com haste de 3/8”.
  7. Recomenda-se usar paradas duplas e rapelar com a corda nos 2 grampos.
  8. Correntes não devem ser usadas em paradas.

Para concluir, recomendo a leitura do artigo produzido por eles e lembro que há muito pouco estudo disponível no Brasil sobre as proteções fixas então sugiro aos acadêmicos escaladores que aproveitem-se disto para realizar seus estudos e ajudar no desenvolvimento de nosso esporte.

 

Boas escaladas!

Leandro Pestana

Junho/2015

Clube Niteroiense de Montanhismo

A conquista do K2

A conquista do K2

Publicado no Boletim CNM MAR/2015

O K2 é segunda montanha mais alta do mundo, com 8.611 metros de altitude e é considerada por muitos como a montanha mais difícil de alcançar o cume. O ano de 2008 foi marcado por um trágico acidente, no qual morreram 11 montanhistas de diversas nacionalidades e essa história motivou o autor Graham Bowley a escrever o livro “Morte e Vida no K2” no qual relata os dias que cercaram essa tragédia. Porém, abaixo segue um trecho do livro no qual conta um pouco sobre a história da conquista desta pirâmide do Himalaia que seduz muitos montanhistas há décadas:

“ A cordilheira de Karakoram faz parte do Himalaia ocidental e forma um divisor de águas entre o subcontinente indiano e os desertos da Ásia Central. Ali, quatro picos com mais de 7.900 metros ficam a 24 quilômetros um do outro. Entre um pouco mais nesse território de gelo e morena e finalmente, depois de três dias, surge, acima de todos esses imponentes gigantes, o K2, a segunda mais alta montanha do mundo.

O modo como o K2 ganhou seu nome tornou-se lenda. Em setembro de 1856, um pesquisador britânico do Grande Projeto de Topografia Trigonométrica da Índia, tenente Thomas G. Montgomerie, escalou um pico na Caxemira carregando teodolito, um quartzo e uma prancheta topográfica. Sua tarefa era determinar a fronteira imperial do Raj.

Duzentos e vinte e cinco quilômetros ao norte ele viu duas montanhas imensas, que esboçou em seu caderno em tinta, acima de sua própria assinatura ondulada e imponente. Ele as chamou de K1 e K2. O “K” de Montgomerie significava Karakoram. (Ele registrou desde K1 até o K32 e assinalou a altura do K2 em 8.619 metros, apenas 8 metros a mais). Mais tarde se descobriu que o K1 tinha um nome local, e ficou registrado nos mapas como Masherbrum. Mas o K2 não tinha, por esse motivo o nome de Montgomerie pegou.

Cinco anos depois da visita do tenente, outro robusto e severo construtor do império britânico, Henry Haversham Godwin-Austen, chegou mais perto do K2, tornando-se o primeiro europeu a subir ao glaciar de Baltoro.

Em reconhecimento por seu feito, uma moção foi proposta, em 1888, à Royal Geographical Society em Londres, para que o K2 “no futuro seja conhecido como pico Godwin-Austen”. A moção foi rejeitada, mas o nome permaneceu em alguns mapas e matérias de jornal até meados do século XX. Ele carregava traços coloniais, no entanto, e no fim “K2” venceu, embora o nome de Godwin-Austen ainda identifique o glaciar ao pé da montanha.

(…)

Nos anos imediatamente posteriores à Segunda Guerra Mundial, as hostilidades podiam ter terminado ao redor do mundo, mas ainda havia as rivalidades nacionais na arena do Himalaia. Em 1950, uma expedição de alpinistas franceses foi a primeira no mundo a escalar um pico acima de 7.900 metros ao chegar ao cume do Annapurna I, no Nepal. Em 1953, o monte Everest, o mais alto de todos eles, foi conquistado pelos ingleses; a notícia do acontecimento chegou a Londres na noite da coroação da rainha Elizabeth II e foi motivo de celebração nacional.

Na primavera de 1954, foi a vez da Itália engrandecer sua reputação nacional e reformular seu temor pós-guerra, quando uma expedição chegou ao Paquistão para conquistar as escarpas do K2.

A expedição era composta por 11 alpinistas, quatro cientistas, um médico, um cineasta, dez carregadores de altitude hunzas e quinhentos carregadores adicionais. Juntos eles levaram nos ombros mais de 13 toneladas de suprimentos, incluindo 230 cilindros de oxigênio suplementar.

O autocrático líder da expedição, Ardito Desio, era um geógrafo e geólogo de Palmanova, no nordeste da Itália. Homem ambicioso, foi apelidado de Il Ducetto, ou Pequeno Mussolini, pelos membros da equipe. Para demonstrar sua séria intenção, antes de se aproximar a pé. Desio e três companheiros circundaram a montanha num DC-3. O exército paquistanês auxiliou sua aproximação construindo pontes sobre as ravinas, e, num eco da guerra precedente, instou seus alpinistas nas encostas, pelo rádio no acampamento-base, a tornarem-se “campeões de sua raça”. Ao entrarem pelo terreno despovoado do vale circundante, alguns dos carregadores tiveram cegueira de neve depois que Desio se recusou a os equiparem com óculos de sol adequados. Os carregadores chegaram a encenar uma revolta, mas foram aplacados por cigarros e gorjetas e pela intervenção do oficial de ligação militar, coronel Ata-Ullah, embora alguns deles depois tenham roubado farinha e o biscoito da equipe.

A escalada em si foi notável pelo uso de um guindaste de aço e 300 metros de cabos de aço para içar suprimentos pesados montanha acima. E após 63 dias de preparação – e da morte de Mario Puchoz, um alpinista de 36 anos e guia de montanha de Courmayeur, em virtude de complicações inicialmente diagnosticadas como pneumonia, mas posteriormente aceitas como edema pulmonar –, à noite de 30 de julho de 1954 dois alpinistas haviam alcançado 7.900 metros e estavam mais ou menos a um dia de escalada do topo.

À primeira luz da manhã, os dois homens, Achille Compagnoni, um alpinista de Lombardia, com 40 anos, o preferido da expedição de Desio, e seu parceiro de 28 anos, Lino Lacedelli, de Cortina d’Ampezzo, escalaram em direção ao cume. Em certo ponto, Compagnoni escorregou e caiu, mas aterrissou em neve macia. Em outro, Lacedelli, ao remover as luvas para limpar os óculos, descobriu que os dedos estavam brancos e insensíveis. Os dois homens estavam carregando pesados tubos de oxigênio. A 183 metros do cume, no entanto, sentiram tontura; o gás tinha acabado e eles tiraram as máscaras.

Acreditando que acima de 8.500 metros a vida sem oxigênio era impossível por mais de dez minutos, eles aguardaram o fim. Quando o fim não veio e eles descobriram que podiam respirar, os dois seguiram em frente, com dificuldade, embora tivessem entrado num estado alucinatório, ambos acreditando que Puchoz, seu colega morto, os estava seguindo logo atrás.

Poucos minutos antes das seis horas da tarde, a encosta ficou plana; eles se deram os braços e, dizendo “Juntos”, pisaram no cume. O K2 tinha sido derrotado. O New York Times publicou a história no dia 4 de agosto de 1954: “Italianos conquistam o segundo mais alto pico do mundo; o monte Godwin-Austen, na Caxemira, é escalado num esforço de 76 dias”.

De volta à Itália, a expedição foi recebida com uma previsível onda de fervor patriótico; um selo foi emitido em homenagem aos alpinistas, e eles foram recebidos pelo papa Pio XII. Seguiram-se também décadas de ressentimento pelo modo como a chegada ao cume havia ocorrido.

Na noite anterior à chegada ao cume, Compagnoni tinha montado o acampamento final mais alto que o combinado com o resto da equipe, e o escondeu atrás de uma rocha. Ele fez isso porque havia um número limitado de equipamentos de oxigênio e ele não queria que outro alpinista, Walter Bonatti, que vinha subindo juntos com um carregador hunza chamado Mahdi, tomasse seu lugar. Bonatti era um montanhista talentoso, mais jovem, e menos favorecido pelo líder Desio, e pelas instituições de escalada italianas.

Em consequência do esconderijo, Bonatti e Mahdi foram obrigados a passar a noite a céu aberto, sobre uma pequena saliência de gelo, na lateral da montanha. Eles de fato tinham levado os equipamentos de oxigênio para o cume e os deixaram na neve. Mahdi, que não estava usando botas de escalada adequadas, teve de descer às pressas, desesperadamente, à primeira luz do dia. Ele sobreviveu, mas perdeu metade de ambos os pés em virtude de geladura, e também quase todos os dedos.

O rancor durou anos na Itália. Bonatti veio se tornar um dos mais bem-sucedidos e respeitados alpinistas de sua geração, e os montanhistas geralmente aceitam essa versão dos acontecimentos. Nos anos 1960, Compagnoni revidou, afirmando que Bonatti tinha esvaziado os tanques de oxigênio, com isso arriscando as vidas dos dois homens que chegaram ao cume. Ele disse que Bonatti também tinha convencido Mahdi a acompanhá-lo até o acampamento final prometendo-lhe, falsamente, tentar chegar ao topo. Bonatti ganhou um processo por difamação contra um jornalista que publicou as afirmações de Compagnoni. Desio retornaria ao Paquistão em 1987 para decidir finalmente a questão de qual pico era mais alto, o K2 ou o Everest. (Um astrônomo da Universidade de Washington tinha anunciado que novos dados fornecidos por um satélite da Marinha mostravam que o K2 poderia ser 243 metros mais alto que o Everest; usando uma tecnologia melhor, Desio e seus colegas descobriram ser o contrário.) Ele também enfrentou perguntas sobre se tinha escondido a verdade acerca do que tinha acontecido na montanha.

Apesar do rancor, o feito da equipe italiana ainda estava de pé. Quase cem anos após o primeiro vislumbre do K2 por Thomas Montgomerie, dos Engenheiros Reais, o homem tinha finalmente chegado à neve no topo do K2. “

 

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20091120 - ROMA - HUM - ALPINISMO, MORTO LINO LACEDELLI, CONQUISTO' IL K2 NEL 1954 - Un'immagine (data non disponibile) che riproduce l'itinerario seguito nel 1954 per raggiungere la vetta del K2. Cinquant'anni dopo, gli italiani Silvio Mondinelli e Karl Unterkicher hanno raggiunto quota 8.611metri alle 16,40 locali (13,30 italiane). La scalata e' stata fatta in stile 'alpino', senza l' utilizzo di bombole di ossigeno. Successivamente sono giunti in vetta altri membri della spedizione italiana. Lacedelli, da tempo malato, avrebbe compiuto il prossimo 4 dicembre 84 anni. ANSA/archivio/gid

20091120 – ROMA – HUM – ALPINISMO, MORTO LINO LACEDELLI, CONQUISTO’ IL K2 NEL 1954 – Un’immagine (data non disponibile) che riproduce l’itinerario seguito nel 1954 per raggiungere la vetta del K2. Cinquant’anni dopo, gli italiani Silvio Mondinelli e Karl Unterkicher hanno raggiunto quota 8.611metri alle 16,40 locali (13,30 italiane). La scalata e’ stata fatta in stile ‘alpino’, senza l’ utilizzo di bombole di ossigeno. Successivamente sono giunti in vetta altri membri della spedizione italiana. Lacedelli, da tempo malato, avrebbe compiuto il prossimo 4 dicembre 84 anni.
ANSA/archivio/gid

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Cachoeiras de Macacu

Cachoeiras de Macacu

Publicado no Boletim CNM 2015-1

Já havia algum tempo que eu estava querendo descobrir melhor as belezas de cachoeiras de macacu, sabia que ali tinha muitas trilhas e cachoeiras mas mesmo sendo relativamente perto do Rio eu sempre fui deixando para depois. Ano passado começamos a explorar  e vamos tentar mostrar um pouco das investidas que fizemos naquela região

Primeira investida – Travessia São Lourenço x Castália.

Participantes  5: Ary Carlos, Patrícia Lima, Alex Rockert, Leonardo Carmo e Marcelo Sá. Resolvemos fazer a travessia São Lourenço  x Castália que é até bem tranquila de fazer porque na maior parte é só descida, lembra até a descida da pedra do sino, maior porém menos íngreme. Deixamos os carros em castália e pegamos um busão até Friburgo, de lá pegamos outro que vai para são Lourenço e descemos perto do cemitério de são Lourenço que é onde começa a trilha, passamos por algumas pequenas cachoeiras no caminho e no final da travessia saímos na mesma rua onde deixamos os carros.

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É uma boa opção para quem não está muito habituado com trilhas pesadas e quer fazer alguma coisa mais interessante.

Segunda investida- Pedra do Colégio

Depois dessa  resolvemos explorar mais e fomos fazer a pedra do colégio que é um ponto turístico e super conhecido da cidade.  Dessa vez os participantes foram: Ary Carlos , Patricia Lima, Marcelo Sá,  Leonardo Carmo e o Rafael. A gente tinha combinado de levar um amigo (o Luciano) que conhece bem a região e que mora em Maricá mas, como eu já tinha avisado, o cara era enrolado e não deu outra não apareceu no ponto de encontro, não avisou que não estaria lá e nem atendia o celular, Partimos sem ele. Conseguimos achar a entrada da trilha graças as dicas da dona Jacira que é uma senhora que mora bem perto da pedra e quando voltamos da pedra o Luciano me ligou e falou que estava por ali e pelo que ele disse estava perto de onde paramos os carros. Depois de ouvir bastante “causos” do filho da dona jacira seguimos para as cachoeiras do Tenebroso e da Terceira dimensão, como o Luciano já conheça o caminho não precisamos perguntar aos moradores onde ficava a trilha e partimos direto para lá

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Pedra do Colégio

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Cachoeira da terceira dimensão

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Trilha para a pedra do colégio

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Cachoeira do Tenebroso

Terceira investida – Santa Fé

Depois disso resolvi explorar mais e chamei uma galera para me acompanhar em busca de mais cachoeiras.

Fomos ver se achávamos algumas cachoeiras no final da estrada para santa fé e mais um aqueduto antigo  que tem por ali. Dessa vez os participantes foram 9: Ary, Andréa, Mariana, Bia, Leonardo, Michael, Marco Antônio, Alexandre e uma amiga dele que não era do clube. Nesse dia ainda tinha a Patrícia Gregory com mais 3 pessoas  mas eles não conseguiram passar por um trecho na estrada que tinha muitas pedras soltas e voltaram, quando eu parei para esperar e vi que eles não passavam eu voltei para ver o que tinha acontecido mas eles já tinham voltado e foram para outras cachoeiras mais perto do centro.

No final da estrada deixamos os carros e atravessamos a ponte que tem lá.

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Logo na ponte  tem 2 opções, ou você vai para a direita subindo em direção à pedra do faraó ou segue para a esquerda em direção ao centro e passando pelas cachoeiras que fomos da outra vez (Tenebroso e 3ª dimensão) optamos por seguir para a direita. Logo no início achamos a cachoeira da tartaruga que tem um poço muito gostoso de ficar e uma hidromassagem natural deliciosa.

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Já de cara  inauguramos a primeira cachoeira e depois seguimos trilha acima, passamos por outros poços e pelo lago azul que ninguém acreditou que fosse aquilo porque era muito pequeno  e pela fama achávamos que seria uma coisa bem maior, nada mais é do que um laguinho que tem muito calcário no fundo e por isso a água fica bem limpa e quando o sol bate ela fica um pouco azulada.

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Lago Azul

Seguimos trilha acima e achamos outros locais bons para dar uma refrescada  mas não paramos até acharmos uma praia bem interessante e com uma cachoeira mais abaixo que não sei o nome, depois eu dei uma explorada e achei o caminho até a base dela, só quem desceu fui eu, o Michael e a Andréa , o resto ficou na prainha relaxando. Depois seguimos mais acima da trilha mas no final só achamos uma cerca e uma cabana destruída e voltamos dali para a cachoeira da tartaruga que ficava já perto de onde deixamos o carro.

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Prainha

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Cachoeira abaixo da prainha

Na volta descobrimos onde ficava o Aqueduto mas 2 caras nos perguntaram “Vocês vão assim???  Achei estranho a pergunta, como assim? Tem que ir como? Depois eu entendi, ele falou que ali tem muitas cobras e que eles iam de perneira porque era muito perigoso, do jeito que falaram parecia que tinha uma cobra a cada metro quadrado da trilha, com isso as meninas ficaram com receio e não foram com a gente, encontramos logo o aqueduto mas como um dos caras disse que era a coisa mais linda do mundo achamos  que devia ser outro mais para frente e andamos bastante por cima do murinho que levava água do rio até o aqueduto tentando achar a coisa mais linda do mundo que o cara falou. Chegamos no rio e descobrimos que era mesmo aquele  aqueduto lá da frente..rs.  Voltamos até o carro sem ter visto uma cobrinha sequer e partimos. Realmente o pessoal é mesmo exagerado por ali.

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Aqueduto

Quarta investida – Santa fé descendo em direção ao centro

Participantes :  Ary, Patrícia lima, Andréa, Lohany e Leonardo

Resolvemos voltar ao mesmo ponto de partida, a ponte, só que dessa vez fomos descendo o rio para a esquerda.  Descemos a trilha na intenção de chegar até as cachoeiras do tenebroso para conhecer toda a extensão da trilha já que eu só conhecía vindo do centro até ela e dessa vez chegaríamos por cima vindo de santa fé.  Andamos um pouco e quando vimos uma trilha indo em direção a um barulho de cachoeira saímos da trilha principal e descemos para investigar, chegamos em um rio quase no topo de uma cachoeira, ao lado descobrimos uma trilha e por ela conseguimos chegar na base da cachoeira onde tinha um poço bem fundo e ótimo para tomar banho.

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Cachoeira do Jequitibá

Dali a cachoeira segue e forma logo outra mais abaixo que é a cachoeira do jequitibá, basta pegar uma trilha na base e descer até o poço da cachoeira do jequitibá, ficamos um tempo ali e lanchamos.

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Seguimos mais um pouco e achamos o jequitibá que dá nome à cachoeira com um buraco no tronco que dava para entrar umas 4 pessoas ao mesmo tempo.

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Jequitibá gigante

Seguimos a trilha e achamos mais abaixo outro poço e é claro paramos para mergulhar, quando a Lohany foi subir uma pequena cachoeira achou uma cobra não venenosa, uma caninana, se refrescando na pedra ao lado.

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Caninana

Dali voltamos para a trilha principal e continuamos a descer até achar a entrada da trilha para as cachoeiras do tenebroso e terceira dimensão.

Depois de ficar um pouco curtindo as cachoeiras voltamos pela trilha até a ponte onde deixamos o carro e ainda paramos para mais um mergulho no rio para tirar a poeira da trilha.

De lá voltamos para casa.

Quinta  investida – Travessia Theodoro de Oliveira x Boca do mato

Participantes: (Ary, Andréa, Leonardo, Tauan, Lohany)

Dessa vez fomos fazer outra travessia conhecida de cachoeiras de macacu que é a travessia Theodoro de oliveira x boca do mato,  ela começa no alto da serra na rua que passa atrás do posto da patrulha rodoviária.

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A trilha começa no final dessa rua

Deixamos o carro na entrada da sede dos 3 picos em boca do mato e pegamos um busão até o posto da polícia no alto da serra, dali seguimos a rua e quando ela termina começa a trilha, o curioso é que, como ali era a antiga estrada para Friburgo, a gente anda um bom trecho da trilha com o piso de asfalto com plantas e a mata fechando os dois lados da estrada depois é só descida o que faz com que seja bem leve,  ideal para quem está começando a fazer trilhas.

A trilha é dividida em 2 trechos, a primeira parte tem um bom trecho com o piso de asfalto apesar de estar dentro da mata, deve ser muito bom para fazer de bike, depois ele termina na beira da estrada e tem que andar cerca de 800 metros pelo acostamento até entrar novamente na mata.

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Entrada para a segunda parte da trilha

Depois que entra na segunda parte a trilha começa a descer e passa pelo ponto onde as locomotivas se abasteciam de água ainda é possível ver alguns pequenos trechos com os trilhos enferrujados.

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Encontramos algumas cachoeiras e paramos apenas em uma para dar um mergulho até porque estava ameaçando cair uma chuva nesse dia mas felizmente só no final que deu  uma chuva leve e que não durou mais que 5 minutos, nem cheguei a colocar o anorak porque vi que não demoraria a parar.

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Na volta encontramos algumas casas mas não vimos ninguém , somente alguns gatos que estavam morrendo de fome e vieram correndo ver se conseguiam alguma comida com a gente, a Lohany que é doida por gatos se apaixonou logo e foi dando aquele delicioso sanduiche que ela leva para os bichos. O Léo chegou a ficar com os olhos cheios de lágrimas ao ver os gatos comendo o sanduiche…rsrs.  Eles nos seguiram até o final da trilha e um deles acabou indo com a Lohany que caiu no golpe do ”me leva pra casa que eu estou abandonado”.

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Antiga estação de trem

A Trilha termina na estrada bem perto da entrada da sede dos 3 picos onde deixamos os carros basta voltar alguns metros atravessar a ponte e já está na sede dos 3 picos então o ideal é deixar o carro ali e subir de ônibus até o posto da polícia.

Essas foram as investidas que fizemos em Cachoeiras de Macacu  no final do ano passado e início deste ano para aproveitar o calor escaldante que estava fazendo em Niterói. Uma ótima pedida para fazer no verão.

E Ainda tem muito mais coisas para explorar por lá.