Botas de Caminhadas e suas garantias

Botas de Caminhadas e suas garantias

Publicado no Boletim CNM 2015-3

Já tive diversas botas, o que me garante a experiência de diversos defeitos de botas e, com isso, os contatos com o sistema de garantias de diversas delas.

Por que compramos botas e tênis de caminhadas caros? Beleza? Resistência? Conforto? Consumismo? Segurança? Garantia? Todas as alternativas anteriores?

Bom, falando por mim, gosto de equipamentos resistentes e confortáveis, que se desgastem naturalmente, mas, em caso de defeito (e não dano, que fique clara a diferença), que a empresa seja responsável pelo seu produto (leia-se, garantia).

No último ano ao que parece (talvez devido a crise, cambio do dólar, ou má vontade mesmo) reparei que o sistema de garantias apresentou mudanças … e com isso eu fui tomado de surpresa, e imagino eu algumas outras pessoas também.

Sempre fui informado, no passado, que defeitos de fábrica tinham garantia de um ano, que surpresa eu tive, atualmente, quando descobri que a Snake e Vento mudaram esse sistema!

A Snake segue a seguinte linha atualmente: se compras na loja, o lojista pode mandar para a fábrica (segundo ultimo informe) em até seis meses. Porém uma amiga recentemente quis adquirir uma usada, e mandou um e-mail para a fábrica, a resposta foi: “garantia por 3 meses contra defeitos e, neste período, o comprador deve se cadastrar no programa de garantia estendida e, com isso, a garantia passa a ser de 15 meses”. Logo, se você se distrai quanto a esse cadastro, lá se vão os 15 meses …

Em conversa com um vendedor de uma loja, via telefone, obtive as seguintes informações:

  • Snake, 6 meses para defeito de fabricação e, dependendo do dano, mandar pela loja (a garantia varia de modelo para modelo segundo ele);
  • Bull Terrier, 6 meses e contactar o sac (nunca me responderam, quando minha bota apresentou defeito);
  • Vento, garantia de seis meses (desde 23/07/2015);
  • Columbia, 6 meses, envio pela loja.

Não temos mais a garantia de um ano, e segundo o lojista, se compramos a bota usada, mesmo nova, temos que ter a nota fiscal para caso de defeito. Caso contrario, teríamos que nos esforçar para a fabricar fazer o reparo.

Logo, para adquirirmos um equipamento temos que ser, com toda a propriedade da palavra, chatos!

Quando estiverem na loja, não se omitam de perguntar ao vendedor sobre o produto que esta adquirindo e, se o mesmo não souber responder, fale com outro.

Perguntem do sistema de garantias sempre;

Se houve alguma troca deste modelo ou reclamações dos clientes (a bota Vento que adquiri, soube depois que foi recolhida do mercado pois estava apresentando falhas na vulcanização);

Guarde as notas fiscais;

Fotografe o defeito e envie as fotos do defeito imediatamente para o fabricante (sempre fale no e-mail que faz parte de um clube de montanhismo, acredite, isso faz diferença);

Duvidas quanto ao modelo a ser adquirido, pergunte em sua lista, afinal, os grupos de montanhismos não servem só para trocar experiência sobre montanhas, mas sobre equipamentos também;

Sejamos chatos sim quando adquirir um equipamento, tendo em vista que este equipamento nos acompanhará por um bom tempo, e então deve ser bom, e nos proporcionar conforto e segurança.

Informação sempre, e partilhar a informação também!

Cabeça do Dragão – Parque Estadual dos Três Picos

Relatório de Atividade – Parque estadual de Três Picos

Cabeça do Dragão

Boletim CNM EDIÇÃO SET/2014

Dias 19 e 20 julho/2014

Com uma antecedência de 6 meses, foi marcada atividade do CNM no Parque Estadual de Três Picos, com o intento de integração dos membros do Clube, além de visitar a Unidade de Conservação.

Ao total, foram cerca de 20 pessoas na atividade,Andréa Rezende, Bruna Novaes, Denise Gonçalves, Eny Hertz, Carlos Penedo, Leandro Gonçalves, Leonardo Gonçalves, MARCELO SANT’ANA, Mariana Silva, Michael Patrick, PATRICIA GREGORY, Marina Gregory, Gabriel Gregory, Renato Vallejo, Rafael, Stephanie, Vinicius Araújo, Ellen Vogas, Laura Terra, João do Carmo, dentre outros.

Seguiu-se a logística de fazer a reserva antecipada, tendo como o ponto de encontro dos membros, em geral, o Abrigo do Tartari, um lugar acolhedor de boa conversa, pizza e cerveja (principalmente cerveja).

Alguns grupos foram na sexta-feira, dia 18 de julho, composto por Leonardo, Stephani e Mariana em um carro, Marcelo em outro (que merece a aprovação no quadro de etapas no quesito orientação, pois o mesmo chegou de noite e sozinho lá, sem nunca ter ido ao local), e Michael e Andrea em um terceiro.

O restante, saiu de Niterói as 05:30h para chegar as 08:00 h no local.

Uma vez no Abrigo, o grupo se dividiu em várias atividades, assim descritas:

3 equipes para a Caixa de Fósforos;
1 equipe para a Cabeça de Dragão;

Sendo que alguns participantes ficaram no abrigo, com a nova geração de montanhistas (as crianças).

As 09:00h o grupo que tinha o objetivo de alcanças a Cabeça de Dragão, acompanhado por uma das equipes que iriam para a Caixa de Fósforos, começou a caminhada.

O grupo que se dirigiu para Cabeça de Dragão era composto por Alex, Denise, Bruna, Rafael, Andréa, Renato Valejo, Patrícia, Gabriel e Marina (Gregori’s), Michael, Marcelo.

A trilha possui grau de dificuldade técnica baixo, sendo praticamente uma estrada até o Vale dos Deuses (exceto em seu trecho final, com elevado grau de exposição) e fácil orientação (embora má sinalização), tendo a duração de cerca de três horas a caminhada.

O topo possui ampla vista (360° graus) e se situa em campos rupestres, sendo uma belíssima caminhada! Um visual previlegiado, de onde conseguimos ver o abrigo, ao fundo do vale.

O retorno teve a duração de cerca de 2:30 h, sendo que tivemos o prazer de encontrar uma das equipes que estiveram na Caixa de Fósforos, formada por Leonardo, Mariana e Stephani, na descida.

Tivemos também o prazer de testemunhar uma nova técnica de escalada, baseada na informação prévia da via, vista de cima! Dois escaladores, que para evitar constrangimentos representarei por pseudônimos, sendo o primeiro Leandro Manuel e o segundo, Vinicius Joaquim …

Esta equipe foi escalar a Caixa de Fósforos, pela CABEÇA DE DRAGÃO!

Creio que a conversa deles, quase no topo da Cabeça do Dragão, assim transcorreu:

-Leandro Manuel: “Ora pois, esta caminhada estás a demorar não?”

– Vinicius Joaquim: “Verdade gajo, mas tenho certeza que é por aqui!”

– Leandro Manuel: “Joaquim, é incrível! Tem uma montanha no outro lado do vale, abaixo de nós, que é igualzinha a uma caixa de fósforos!”

– Vinicius Joaquim: “Verdade! Não é incrível ter duas montanhas com formato de caixa na mesma região? São os mistérios da natureza ora pois …”

Meu grupo encontrou o grupo de Manoel e Joaquim descendo a Cabeça de Dragão, depois de averiguar a melhor alternativa de escalar a Caixa de Fósforos … Não precisa muito para adivinhar que foi a ultima equipe a retornar …

A noite, o Tartari nos agraciou com um rodízio de pizza, regado com cervejas artezanais e, alem disso, tivemos o prazer da companhia de vários outros montanhistas que chegaram lá, durante a nossa ausência, dentre eles, o Delson e a Kika, da FEMERJ e um grupo da União de Escaladores de Jacarepaguá, além de outras pessoas.

Uma noite agradável de confraternização, que guardo com carinho na memória e coração.

Ao amanhecer, começam os preparativos de partida, as muitas despedidas, o café da manhã filado do pessoal das barracas, as brincadeiras, e um slakeline para todos rirem e relaxarem.

Foi um belo fim-de-semana …

Que venham outros!

Abraços a família CNM que participou da atividade e aos que não participaram, que fizeram muita falta.

 

Trilhas esquecidas de Niterói

Trilhas esquecidas de Niterói

Publicado no Boletim CNM DEZ/2013

Devido ao bom trabalho realizado no Parque Estadual da Serra da Tiririca nos últimos anos, nos habituamos a apenas frequentar as bandas da Região Oceânica de Niterói, em busca de nosso refugio nas pedras e florestas.

Entretanto, devido à expansão urbana e a violência associasao-francisco-morro-da-viracao-3da, acabamos por “esquecer” que existem outras trilhas no município…

A trilha que leva ao topo do Morro do Santo Inácio, uma montanha com 375 metros de altitude e situado no bairro de São Francisco já foi à montanha mias frequentada de Niterói, até os anos 90, mas, devido aos fatores descritos acima, deixou de ser frequentada…

Verdade seja dita, na região do Morro do Santo Inácio, Parque da Cidade e arredores existem 9 trilhas tradicionais que caíram em desuso, fora vias de escalada (4 se não me engano).

No quesito escalada, o potencial de novas vias na face Norte do Morro do Santo Inácio é incrível! Por sinal, existe um acesso a essa parede, situado pela Rua Mário Joaquim Santana, número 204, entrando por uma escadaria de uma vila (que não tem portão) e, ao final da vila, o ultimo lote a esquerda não possui muro e fica direto na floresta. Deste ponto, uma caminhada de 150 metros é suficiente para chegar à parede, fica aí a dica meu povo! È a parede onde se localiza a via “Paredão Surpresa”.

Voltando as trilhas, temos a trilha tradicional para o Morro do Santo Inácio, que fica na Rua Manuel Duarte, em São Francisco. Esta rua até recentemente tinha um portão, que foi retirado, mas infelizmente o acesso à trilha está fechado por um portão e cerca eletrificada instalada por moradores.

A segunda opção para se chegar ao Moro do Santo Inácio é pelo Parque da Cidade, pela Estrada do Maceió. A partir do Posto da Guarda Municipal Ambiental, por um caminho de estrada e posteriormente trilha, é um caminho de cerca de 2 quilômetros para ir e 2 para voltar, de fácil orientação.

Do Parque da Cidade para Cafubá ou Piratininga, temos 4 trilhas, mas apenas uma está em condição plena de uso, que é acessada pela Estrada da Viração. Esta, tendo inicio também da Guarda Municipal, possui uma extensão aproximada de 3 quilômetros, terminando ao lado da AABB Piratininga (infelizmente na saída do futuro túnel Charitas X Cafubá).

Uma outra trilha que termina em Cafubá é a chamada de Trilha Colonial. Tem esse nome por ter, em seu caminho, a ruína de uma ponte da época do Brasil Colônia, em meio a Mata Atlântica. Mas esta está bem fechada, mas está sendo negociada junto a Prefeitura de Niterói a reabertura da mesma, possui apenas 1,1 quilômetros e sai no bairro do Cafubá.

Na área do Parque da Cidade existe uma série de trilhas curtas, usadas principalmente pelo pessoal de bikes, logo, seu uso te que ser com muito cuidado e atenção, enquanto não for demarcado o uso das mesmas.

Temos mais duas, de extensão mais considerável, que originalmente eram usadas após os grupos acessarem o Morro do Santo Inácio. A primeira é a travessia São FranciscoXJurujuba, com 8 quilômetros de extensão, que de iniciava na Rua Manuel Duarte, em São Francisco, dali se ia ao Morro do Santo Inácio, depois, ao Parque da Cidade, Estrada da Viração até o final da mesma (onde tem um mirante usado pelo povo do Voo Livre atualmente) que vira uma trilha que termina em um mirante (hoje a floresta fechou quase totalmente este mirante) e, a partir dali, se descia a montanha paralelo a cerca do Forte Rio Branco, terminando a trilha na ruína dos Jesuítas que existe entre a pedreira e o Forte Rio Branco (área particular que hoje proíbe o acesso), próximo ao Clube Naval.

E a variante que termina no Bairro Jardim Imbuí, em Piratininga, que também passa por outra ruína Jesuíta escondida na Mata Atlântica, esta, com 7 quilômetros de extensão.

Enfim, temos ainda muitas trilhas e vias de escalada (estas a serem conquistadas) mais próximas à região central de Niterói, inclusive um potencial Campo Escola bem no vale abaixo ao antigo Hotel Panorama, que alguns chamam de “Campo Escola da Viração”.

Montanhas não nos faltam… Quem se habilita a frequentá-las?

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Acesso às Montanhas Fluminense

Acesso às Montanhas Fluminense

Publicado no Boletim CNM MAR/2013

O município conta, de forma resumida, com três serras principais: a Serra da Tiririca, os morros do Jacaré, Cantagalo e Serra do Malheiro e o Complexo dos morros da Viração, Santo Inácio e Sapezal.

Com estas três serras e as outras formações menores, o Município possui um potencial enorme para o porte de aventura, com visuais incríveis e formações interessantíssimas, mas infelizmente, apesar do potencial, hoje o montanhismo está quase que restrito a Serra da Tiririca.

O motivo é simples e trágico, sendo simplesmente a ingerência sobre nossas áreas verdes.

A Serra da Tiririca, com a criação do Parque Estadual de Serra da Tiririca, contou com a proteção do Estado, que permitiu que esta área continuasse segura quanto à violência urbana, e que o acesso a para a maioria de suas trilhas e paredes não fosse cercada por muros e casas, embora mesmo assim tenhamos tido perdas, são elas:

  • Trilha do Alto do Mourão via o Recanto de Itaipuaçú (fechada pelo condomínio Ubá Pedra do Elefante);

No Morro das Andorinhas, houve duas perdas:

  • Trilha da praia de Itaipu para o Morro das Andorinhas (fechada na década de 90 por uma construção ilegal);
  • Trilha da Praia de Itacoatiara para o Morro das Andorinhas, com o fechamento da Rua das Orquídeas (anos 80) e construção do Condomínio Village Itacoatiara (anos 90).

Já os morros do Cantagalo, Jacaré e Serra do Malheiro, tiveram grande redução de sua cobertura florestal, mas o acesso em si à suas trilhas não foi cerceado diretamente, exceto pelo fato que o crescimento da Favela do Cantagalo trouxe violência à região e com isso, houve alguns assaltos a pessoas que acessaram o Morro do Cantagalo. Por consequência, o ponto culminante dessa serra, com 405 metros de altitude, deixou de ser frequentado por montanhistas e escaladores. Mas atualmente, com a anexação dessa região ao Parque Estadual da Serra da Tiririca, podemos ter esperanças de ver essa região acessível novamente.

Os morros do Santo Inácio, Viração e Sapezal são o caso mais grave, pois não estão protegidos por leis específicas, tendo ocorrido desmatamentos pelas suas bordas e um aumento exponencial da violência contra frequentadores da montanha (assaltos à mão armada). Neste complexo, tivemos as maiores perdas de acesso, que são:

  • Acesso à trilha tradicional ao Morro do Santo Inácio via Rua Manuel Duarte, em São Francisco (a rua foi fechada por moradores e o final desta foi cercado por uma cerca eletrificada, devido à violência urbana);
  • Três trilhas que davam acesso de São Francisco ao bairro de Piratininga e Cafubá (construções de casa nas saídas);
  • A travessia São Francisco X Jurujuba;
  • Acesso à face norte do Morro do Santo Inácio, às vias de escalada ali existente e ao enorme potencial de conquistas de vias nesta parede de 250 metros de comprimento (construções de casas em praticamente todos os terrenos da Rua Mário Joaquim Santana, embora recentemente descobrisse um acesso por uma vila, ao fim dessa rua, a essa parede);
  • Acesso à parede sul/sudeste do morro do Santo Inácio, que hoje se encontra cercada pela favela do Maceió.

Em áreas fora destas serras, é possível a prática de esportes de montanha, como a região da Praia do Sossego, com ótimos bolders e o final da prainha de Piratininga, com um bom potencial para bolders, embora quase que inexplorado.

Tivemos também a criação e perda com o campo-escola do Centro, próximo à prefeitura nova (Rua São Pedro), criado no fim dos anos 90 com três vias, mas onde a prefeitura no inicio de 2000 fez uma construção e colocou grades lá, inviabilizando o uso da mesma.

Um outro local que temos uma certa dificuldade de acesso é o Morro do Morcego. Para acessar a Face Sul, temos que pedir permissão para entrar por uma casa, e dependemos do bom humor do morador, que se começarmos a aumentar a frequência, ele nega a entrada e somos obrigados pegar um grande vara mato a partir da praia de Adão. Na Face Norte, temos grande dificuldade se quisermos chegar por mar, houve casos em que um escalador foi ameaçado enquanto trabalhava na abertura de uma via, ficando impossibilitado de voltar, visto que foram soltos cachorros para impedir que ele retornasse.

De forma geral, infelizmente, as áreas que não se encontram protegidas sobre legislação ambiental específica (Unidades de Conservação) foram as que mais perderam sua cobertura florestal, e foram onde mais perdemos acesso às florestas e rochas.

O município, em suas gestões anteriores, não salvaguardou as florestas e os acessos às mesmas, em verdade, tratou-as como áreas para futuras construções, e não áreas para se preservar os ecossistemas, o lazer e o modo de vida dos frequentadores destas regiões niteroienses.

Salvo a região do Parque Estadual da Serra da Tiririca, as outras serras fluminenses se encontram em uma situação crítica, porém, reversível nos quesitos proteção e acesso.

Vamos torcer (e pressionar!) para que a gestão atual da Prefeitura de Niterói possa salvaguardar nossas belas montanhas.

Montanhismo Fluminense: Um Fenômeno recente?

Montanhismo Fluminense: Um Fenômeno recente?

Publicado no Boletim CNM – DEZ/2012

Quando da fundação do Clube Niteroiense de Montanhismo, em 2003, se debateu sobre este tema, se o CNM seria “inovador” ao ser criado na região leste da Baia da Guanabara. Logo depois de sua criação, a surpresa! O sexto clube de montanhismo do Brasil era de Niterói! O extinto Clube Excursionista Icaraí (CEI), fundado em 03 de maio de 1939, com o lema; “Sois brasileiros? Quereis conhecer de perto a vossa pátria? Inscrevei-vos no Clube Excursionista Icaraí.” Com atividades de caminhadas tanto em Niterói quanto no Distrito Federal (a atual cidade do Rio de Janeiro).

Mas, entre o CEI e o CNM temos um hiato de tempo de 63 anos …, o que houve nesse período? Existia a prática de montanhismo em Niterói e arredores? Em Niterói sempre houve atividade de tropas escoteiras em diversos bairros, o que sem dúvida, permitiu que a prática do montanhismo continuasse em nosso berço, sendo algo um pouco “naturalizado”, mas não com a alcunha de montanhismo, era simplesmente o hábito de frequentar nossas florestas e montanhas, mas infelizmente não como a ideia de um clube excursionista como conhecemos hoje em dia.

Os excursionistas da Capital vinham frequentar nossas montanhas que, de certa forma, eram pouco frequentadas, sendo que a primeira conquista de uma via de escalada em Niterói foi, parece, em 1956, batizada de “Artificial da Conquista”, na Agulha Guarish, na Serra da Tiririca. Tivemos também a “Chaminé Campelo” em 1956 no morro do Cantagalo, na Reserva Darcy Ribeiro (acho que agora, deve ser conhecida como Setor Darcy Ribeiro, do Parque Estadual da Serra da Tiririca) e o “Paredão Surpresa” em 1978, no Morro do Santo Inácio.

Na década de 70, houve cerca de 8 conquistas de vias, 13 conquistas na década de 80 e 10 até fi ns dos anos 90.

Após este período, as rochas niteroienses testemunharam uma verdadeira febre de novas de vias de escaladas!

Mas voltando a idéia de Clubes de Montanhismo, em junho de 1989 houve a fundação do Grupo Caminhante Independente, por Gerhard Sardo que, originalmente, almejava a ideia de um clube excursionista, tanto que em suas programações de atividades, o informativo do GCI constava um item curioso, que era “Influência Ideológica” onde elencava os nomes dos clubes de montanhismo cariocas. Houve também o Grupo Terra, mas de curta duração.

Em 1992 o GCI executou um projeto que foi, a seu modo, um marco na História das Montanhas de Niterói, a campanha SOS Montanhas de Niterói, quando foram realizados mutirões de limpeza em todos os topos e trilhas do município. Nesse momento, as pessoas que frequentavam as trilhas se deram conta de duas informações importantes:

SIM, nós temos montanhas! E do quanto estavam degradadas nossas montanhas.

Infelizmente também em 1992 o GCI começou a enveredar o caminho do movimento de defesa ambiental, perdendo de forma irreversível sua ideia original, que era o de um clube de montanhismo. Mas essa iniciativa acabou rendendo frutos, e membros deste grupo fundaram: o Grupo Cauã de caminhadas; Grupo Sussuarana, de Jorge Antônio Lourenço Pontes e Flávio Siqueira, ambos de curta existencia no território fl uminense; e o Projeto Ecoando, em 1994, de Cássio Garcez, que é um misto de empresa de ecoturismo e de um Clube Excursionista, que existe até hoje.

O ano de 1994 também foi marcado pela tragédia no montanhismo fl uminense. Em 25 de setembro de 1994 um grupo do Clube Excursionista Brasileiro, em uma atividade de caminhada ao Morro do Cantagalo, foi atacado por um enxame de abelhas africanizadas, gerando o óbito de Herald Zerfas (guia) e Joaquim Afonso Braga. Herald era um montanhista apaixonado pelas montanhas de Niterói, onde realizava diversas caminhadas e escaladas, sempre com bom humor e um chapéu estilo tirolês.

Ao iniciarmos o novo milênio, o montanhismo em Niterói ressurgiu em sua forma mais organizada e, com o apoio da FEMERJ montanhistas organizaram, finalmente, o segundo clube de montanhismo de Niterói, o Clube Niteroiense de Montanhismo, que teve em sua primeira diretoria Gustavo Muniz (presidente), Alan Marra (vice-presidente), Nise Caldas (tesoureira), Jerônimo dos Santos (diretoria técnica) e Alex Figueiredo (diretoria de meio-ambiente).

Agora, nove anos se passaram desde a primeira reunião organizada por essas pessoas e, dessa forma, tivemos um período de diversas atividades, explorações e conquistas, mas principalmente, 9 anos se passaram de risos, aventuras e camaradagem que nos deram muitas alegrias e histórias para contar.